Título: Polarização entre governistas
Autor: Correia , Karla
Fonte: Correio Braziliense, 06/08/2012, Política, p. 6

Os resultados das pesquisas eleitorais no mês passado acenderam a luz de alerta no PT em Porto Alegre. Lançado como a aposta do partido para recuperar a hegemonia política na cidade, interrompida depois de 16 anos seguidos de governos petistas com a eleição de José Fogaça (então no PPS), o candidato Adão Villaverde amarga um terceiro lugar nas intenções de voto da capital gaúcha, com apenas 3% da preferência do eleitorado. Os números divulgados na segunda quinzena de julho mobilizaram a militância petista, que passou a promover atos de apoio pela cidade, e levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a confirmar participação na propaganda eleitoral de Villaverde para rádio e tevê.

Mas é longo o caminho que Villaverde terá de percorrer até conquistar ao menos uma posição no segundo turno do pleito. A disputa em Porto Alegre está francamente polarizada entre o prefeito e candidato a reeleição, José Fortunati (PDT), e a candidata do PCdoB, Manuela D"Ávila, apontada como o "fenômeno" desta eleição. Mesmo com as críticas generalizadas sobre o crescimento da violência na capital sul-rio-grandense — tema obrigatório neste início de campanha — Fortunati soma 38% das intenções de voto segundo o Instituto Datafolha, em levantamento realizado entre 19 e 20 de julho. Na mesma pesquisa, Manuela obtém 30% da preferência do eleitorado.

Não à toa, a candidata do PCdoB e Villaverde uniram forças para fustigar Fortunati no debate eleitoral promovido pela Rádio Guaíba na última sexta-feira. Com os três principais concorrentes disputando a pecha de "ungido" pelo governo federal, o tema do mensalão esteve ausente das provocações, que se centraram nos pontos nevrálgicos da atual administração. Villaverde acusou a prefeitura de não buscar perante os governos estadual e federal os recursos para melhorar o contingente policial da capital. Manuela usou a política habitacional da prefeitura como sua principal arma de ataque e criticou o atraso na remoção de moradores das margens de um rio que corta a Zona Sul de Porto Alegre.

"É natural que se unam no ataque. Sou o atual prefeito e estou na dianteira das pesquisas, já estava preparado para isso", diz Fortunati, que incluiu em sua plataforma de candidato a promessa de investir no policiamento extensivo da capital, na iluminação e na instalação de câmeras de monitoramento em todos os bairros da cidade como forma de combater o aumento de ocorrências de assaltos à mão armada e roubo de carros, inclusive em regiões nobres de Porto Alegre. "Teremos um centro integrado de comando na segurança pública, nos moldes do que existe no Rio de Janeiro. Serão 18 secretarias, mais o comando da Polícia Militar, concentrados no monitoramento da cidade", afirma o candidato a reeleição.

Manuela D"Ávila também dedica boa parte de sua plataforma à segurança pública. "Uma prefeitura com nova atitude tem que assumir responsabilidade com segurança, inclusive a primária, modernizando a gestão", reza seu programa de governo, que também promete uma central de controle e monitoramento e o "cercamento eletrônico" da cidade, interligando câmeras de segurança pública e privada.

"É natural que (os adversários) se unam no ataque. Sou o atual prefeito e estou na dianteira das pesquisas, já estava preparado para isso" José Fortunati (PDT), prefeito de Porto Alegre candidato a reeleição