Título: Vídeo mostra reféns iranianos
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Fonte: Correio Braziliense, 06/08/2012, Mundo, p. 13

A rede de televisão com capital saudita Al Arabiya divulgou imagens que mostram reféns iranianos em mãos de rebeldes sírios, que afirmam deter alguns membros dos guardiões da revolução, organização militar do regime iraniano. Nas imagens, o representante do Exército Sírio Livre (ESL), um grupo armado rebelde, mostra o que diz ser um documento de identificação militar e a permissão para portar armas de um dos iranianos, apresentado como um guardião da revolução. O Irã, porém, sustenta que os sequestrados eram peregrinos que iam de ônibus para o aeroporto e nega o envolvimento deles com grupos militares ou paramilitares.

A Al Arabiya também transmitiu a entrevista de um homem identificado como Abdelnaser Shmeir, chefe da brigada Al-Baraa, que integra o ESL. Ele afirmou que os reféns, entre os quais haveria um intérprete afegão, fazem parte de um grupo de 150 pessoas que foram à Síria em "missão de reconhecimento".

Pouco tempo depois da divulgação do vídeo, um dirigente sírio que não quis se identificar argumentou que o sequestro não teria sido realizado pelo ESL, mas por islâmicos radicais. "O Jundala é um grupo islamita extremista que tem um discurso religioso baseado no ódio aos xiitas e aos alauitas", afirmou. Os extremistas sunitas consideram os xiitas e alauitas — facção do xiismo ao qual pertence o presidente Bashar al Assad — como hereges. A maioria da população síria é sunita. Para ele, não faz sentido a informação de que os reféns são da Guarda Revolucionária. "Se fosse o caso, por que estariam num ônibus sem escolta em uma estrada tão pouco segura como a que leva ao aeroporto?", questionou. Apesar dos riscos, milhares de iranianos viajam todos os anos à Síria, para a peregrinação ao túmulo de Zaynab, a filha do imã Ali, um santuário xiita situado perto de Damasco.

Motivos religiosos

Um fotógrafo britânico, que foi sequestrado na Síria, disse ontem que seus raptores eram jihadistas internacionais entre os quais havia vários britânicos. John Cantile foi detido por 30 islamitas e fugiu com a ajuda de membros do Exército Livre da Síria. O fotógrafo disse que seus raptores falava inglês e nove deles tinham sotaque londrino.