Título: Tentativa de suspender o processo
Autor: Mader , Helena
Fonte: Correio Braziliense, 11/08/2012, Política, p. 2

Único defensor público a atuar no processo do mensalão, Haman Tabosa Córdova subiu ontem à tribuna para afirmar que o Supremo errou e pediu ainda a suspensão do processo contra seu cliente, o empresário Carlos Alberto Quaglia. Para ele, houve cerceamento de defesa porque o réu ficou três anos e meio sem representante legal perante o STF e, portanto, não foi possível contraditar testemunhas durante depoimentos que acabaram comprometendo Quaglia.

A confusão começou em janeiro de 2008, quando o então advogado do acusado, Dagoberto Dufau, deixou a defesa de Quaglia por não ter recebido os honorários devidos. No mês seguinte, o STF teria sido comunicado sobre a mudança de advogado. Em fevereiro daquele ano, Haroldo Rodrigues assumiu a defesa de Quaglia, ex-dono da corretora Natimar. Segundo a acusação da PGR, essa empresa teria sido usada por parlamentares e representantes do PP para lavar recursos repassados pelas empresas de Marcos Valério.

De acordo com Haman, o STF teria continuado a enviar intimações e notificações a Dagoberto, que já não mais representava o réu. Diante da falta de respostas da defesa de Quaglia, o relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, acabou pedindo que a Defensoria Pública da União assumisse o caso. Isso ocorreu em setembro de 2011. "Durante mais de três anos, os atos processuais da ação 470 foram publicados com a indicação incorreta de quem seria o advogado do acusado", comentou Haman, que fez a sustentação oral do ex-dono da Natimar.

Os ministros se mostraram surpresos com a questão, apesar de o fato já ter sido comunicado ao STF nas alegações finais da defesa, entregues no ano passado. Durante a sessão, cinco magistrados fizeram perguntas ou comentaram a reclamação do defensor público geral da União. Cezar Peluso quis saber quando o advogado constituído deixou de atuar e Ricardo Lewandowski questionou qual foi o prejuízo específico sofrido pelo réu. O relator, ministro Joaquim Barbosa, garantiu que tratará do tema durante o seu voto. (HM e DA)