Título: Alguns segundos de diferença
Autor: Caitano , Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 11/08/2012, Política, p. 6

Ao divulgar oficialmente o tamanho de cada partido na Câmara dos Deputados, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) redefiniu a distribuição do tempo do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. E mexeu no tabuleiro das coligações para as eleições municipais, em especial, as que têm o recém-criado PSD como integrante. A tabela foi aprovada na sessão de quinta-feira da Corte, quando os ministros referendaram decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de dar aos parlamentares da nova legenda o direito de levar com eles o tempo proporcional na propaganda política. Os tribunais regionais estavam fazendo a contagem do tempo de cada partido ou coligação de acordo com uma tabela com dados errados, disponibilizada pelo TSE em um sistema interno de consultas.

Do total de 30 minutos de um bloco da propaganda eleitoral, um terço é distribuído igualmente entre os candidatos a prefeito e o restante, é dividido de forma proporcional ao número de deputados federais dos partidos coligados. O problema surgiu porque, na tabela anterior do TSE, o PSD aparecia com 55 deputados, o PSDB com 51, o PP com 40 e o PSL com nenhum.

Após a correção, o PSD ficou com 51 parlamentares, o PSDB com 53, o PP com 41 e o PSL com 1. Dessa forma, todas as coligações que incluem pelo menos um desses partidos perderam ou ganharam alguns segundos de propaganda. Entre as principais capitais, a mudança mais significativa ocorreu em São Paulo. Após a redistribuição, o candidato a prefeito José Serra (PSDB), que tem o apoio do PSD, perdeu cinco segundos e igualou seu tempo ao do candidato do PT, Fernando Haddad (PT) – ambos terão exatos 7 minutos e 39 segundos em cada bloco. Gabriel Chalita (PMDB) ganhou dois segundos e passa a dispor de 4 minutos e 22 segundos para apresentar suas propostas de governo, enquanto Celso Russomano (PRB) manteve os 2 minutos e 11 segundos.

Ao todo, em 19 dias de aparição na TV e no rádio – em dois blocos diários às segundas, quartas e sextas-feiras, entre 21 de agosto e 4 de outubro -, José Serra e Fernando Haddad terão participado, cada um, de quase cinco horas de programas.

Em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Recife, a correção de bancadas não provocou mudanças significativas, mas manteve uma característica comum: nas três capitais, um dos candidatos terá à disposição um tempo de propaganda gratuita muito superior ao dos demais. A maior disparidade está no na capital fluminense, onde o atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), terá 16 minutos e 17 segundos de propaganda em cada bloco, cinco vezes mais que Rodrigo Maia (DEM) e Otávio Leite (PSDB), ambos com pouco mais de 3 minutos por dia.

Em Recife, Geraldo Júlio (PSB), candidato do governador de Pernambuco e presidente do partido, Eduardo Campos, terá direito a 12 minutos e 31 segundos de aparição, o dobro do tempo que o senador Humberto Costa (PT) terá para apresentar suas propostas, de 6 minutos e 16 segundos.

Em Belo Horizonte, a situação é semelhante. O atual prefeito da cidade e candidato à reeleição, Márcio Lacerda (PSB), conta com o apoio formal de 19 partidos. Por isso, terá à disposição 14 minutos e 19 segundos no horário eleitoral gratuito. Patrus Ananias, do PT, mesmo com a parceria do PMDB, que tem a maior bancada na Câmara, só poderá contar com 8 minutos e 22 segundos.

16"17"" É o tempo que o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, terá à disposição no horário eleitoral gratuito

Cronômetro Tempo dos principais candidatos depois da correção do tamanho das bancadas

São Paulo (SP) José Serra (PSDB): de 7"44" para 7"39"

Fernando Haddad (PT): de 7"37" para 7"39"

Gabriel Chalita (PMDB): de 4"20" para 4"22"

Celso Russomano (PRB): 2"11" (não mudou)

Belo Horizonte (MG) Márcio Lacerda (PSB): 14"19" (não mudou)

Patrus Ananias (PT): 8"22" (não mudou)

Rio de Janeiro (RJ) Eduardo Paes (PMDB): de 16"13" para 16"17"

Rodrigo Maia (DEM): de 3"35" (não mudou)

Otávio Leite (PSDB): de 3"14" para 3"18"

Recife (PE) Geraldo Júlio (PSB): de 12"38" para 12"31"

Humberto da Costa (PT): de 6"14" para 6"16"

Daniel Coelho (PSDB): de 3"42" para 3"47"

Mendonça Filho (DEM): 2"13" (não mudou)