Título: Ocidente anuncia ajuda a rebeldes
Autor: Tranches , Renata
Fonte: Correio Braziliense, 11/08/2012, Mundo, p. 19

Queixosos de terem sido abandonados pelo Ocidente, os rebeldes sírios receberam ontem acenos de ajuda do Reino Unido, que prometeu 5 milhões de libras (cerca de R$ 16 milhões), e dos Estados Unidos, que impuseram novas sanções ao regime de Damasco e seus aliados. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deve reunir-se hoje com representantes da oposição síria em Istambul, na Turquia, com o objetivo de articular um "quadro operacional comum" que oriente a transição de poder. No principal palco interno do conflito, a estratégica cidade de Aleppo, o Exército disse ter impedido um ataque rebelde ao aeroporto.

Em entrevista ao jornal americano The Washington Post, um dos comandantes do Exército Livre Sírio (ELS) capitão Abdul Razzaq, reclamou do fato de suas forças lutarem sozinhas, sem apoio do Ocidente. "Contamos apenas com nós mesmos", afirmou. Declarações nesse tom se repetem na imprensa internacional, apesar das informações não oficiais de que governos ocidentais estariam fornecendo armas. Alguns países, porém, parecem responder às queixas. Pela primeira vez, o governo britânico estabeleceu contatos oficiais com o ELS. Londres também anunciou que triplicará sua ajuda "não letal" a grupos da oposição e de direitos humanos sírios.

Em seu encontro com a oposição síria em Istambul, Hillary pretende avançar na elaboração de um plano para a transição de poder na Síria. A expectativa, segundo assessores ouvidos pelas agências de notícias, é de que seja discutido também um pacote de ajuda humanitária de US$ 5,5 milhões.

Hezbollah

Em outro aceno à oposição síria, Washington anunciou sanções contra o Hezbollah, partido xiita libanês aliado a Damasco e ao Irã. As penalidades, anunciadas no site do Departamento do Tesouro, visam a congelar qualquer ativo que o grupo possa a ter sob jurisdição dos EUA, além de proibir empresas americanas de terem negócios com qualquer sócio do Hezbollah. Logo em seguida a esse anúncio, o Departamento de Estado alertou que a entidade extremista estaria planejando, com o Irã, atacar a "Europa ou outro lugar, a qualquer momento", segundo disse à agência France-Presse o coordenador de contraterrorismo do órgão Daniel Benjamin.

As ações contra Assad e seus aliados incluem ainda o anúncio de sanções à companhia petrolífera estatal síria Sytrol, por manter negócios com o setor energético iraniano. "Os EUA estão profundamente preocupados com os fortes laços entre os regimes iraniano e sírio. Estamos comprometidos a usar todas as ferramentas disponíveis para evitar a desestabilização regional", diz o anúncio oficial das medidas. Com um único ato, o governo americano atingiu o regime sírio e o programa nuclear iraniano, ao qual se opõe com firmeza.

Egito detém extremistas

A imprensa oficial egípcia noticiou ontem a prisão de seis extremistas islâmicos suspeitos de envolvimento nos ataques no deserto do Sinai, na última semana. As prisões foram efetuadas por forças militares e policiais, como parte de uma operação de segurança na região. Uma série de ataques supostamente articulados por ativistas islâmicos contra postos de controle na fronteira entre Egito e Israel, perto da passagem para Rafah (Faixa de Gaza), mataram 16 soldados egípcios. Na quarta-feira, forças egípcias bombardearam a área e anunciaram ter matado 20 "terroristas".