O Estado de São Paulo, n. 45768, 07/02/2019. Política, p. A10

 

PF investiga Flávio Bolsonaro por crime eleitoral e lavagem

Fabio Serapião

07/02/2019

 

 

Procuradoria devolve caso para a 1ª instância; senador declarou imóveis com valores que estariam abaixo do real

Além de ser investigado na esfera cível por suspeita de improbidade administrativa, o ex-deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), citado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por ter recebido R$ 96 mil de forma fracionada entre junho e julho de 2017, é suspeito de falsificação de documento público para fins eleitorais e lavagem de dinheiro, segundo inquérito da Polícia Federal do Rio de Janeiro.

Ontem, a Procuradoria-Geral da República, em Brasília, devolveu à primeira instância o inquérito da PF que apura possível crime praticado por Flávio ao declarar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) imóveis comprados por meio de “negociações relâmpago”, com valores supostamente abaixo do

real. O caso, revelado pelo jornal O Globo e confirmado ao Estado, tramitava desde março de 2018 na Procuradoria Regional Eleitoral do Rio (PRE-RJ).

No inquérito há a citação de que as negociações teriam resultado em aumento do patrimônio do senador. Em nota, Flávio afirma que a denúncia é “desprovida de fundamentação”. “No âmbito estadual ela foi arquivada e, com absoluta certeza, também terá o mesmo destino no âmbito federal”, diz o texto.

O caso não tem relação com a investigação do ex-assessor de Flávio, o policial militar Fabrício Queiroz, que, segundo o Coaf, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017.

Na tarde de ontem, o Estado antecipou que o caso retornaria à primeira instância. “Os fatos investigados no inquérito policial, que está em fase bastante incipiente como relatado, precedem o início do mandato do senador da República pelo representado e não tem relação com exercício deste mandato parlamentar federal. Por isso, não há atribuição da Procuradoria-geral da República, tampouco do egrégio Supremo Tribunal Federal”, diz o despacho assinado pela procuradora-geral Raquel Dodge no início da noite.