Título: Grevistas bloqueiam Reitoria da UnB
Autor: Pompeu , Ana
Fonte: Correio Braziliense, 07/08/2012, Cidade, p. 29

A greve dos professores da Universidade de Brasília (UnB) completa 80 dias amanhã. Os técnicos administrativos cruzaram os braços 17 dias depois, e estão paralisados há 62 dias. Na manhã de ontem, nenhum servidor pôde entrar na Reitoria. Os comandos local e nacional de greve fecharam as entradas com faixas, cartazes e cavaletes. Até mesmo os estacionamentos ficaram interditados desde as 5h. A ação também ocorreu em outras universidades do país com o objetivo de mobilizar os trabalhadores a participarem da manifestação que ocorreu às 17h, no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPog).

Na manhã de ontem, os grevistas se reuniram em frente ao prédio da Reitoria e impediram que os colegas entrassem no prédio. Eles permaneceram o dia todo no local, embalados pelo som de forró. Maurício Sabino integra o comando local da paralisação. Ele explica que a ideia é fortalecer o movimento. "O ato se chama "Hoje é seu dia de folga", que é para questionar, mostrar que a categoria está mobilizada", afirma. Ainda de acordo com ele, a atividade foi bem tranquila.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Mauro Mendes, nem mesmo o reitor da universidade, José Geraldo de Sousa Junior, trabalhou ontem. "Ele nos ligou dizendo que respeita o movimento e vai aproveitar o momento para entrar em contato com o governo e pedir que sinalizem alguma proposta para nós", relata. Mendes disse que, de forma geral, os funcionários entenderam e apoiaram a ação.

Dirigente da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra), Almiram Rodrigues informa que o ato foi articulado em várias das instituições que aderiram à greve. "A Reitoria é a administração central, onde as pessoas têm uma resistência muito grande para paralisar as atividades", avalia. Na UnB, apenas os setores responsáveis pelo pagamento e pela alimentação de plantas e animais de laboratórios estão funcionando.

Reajuste

A reivindicação principal dos técnicos administrativos é o aumento do piso salarial, que hoje é de R$ 1.034, para três salários mínimos, o equivalente a R$ 1.866. Uma proposta foi apresentada aos grevistas pelo governo em reunião realizada na tarde de ontem no Ministério do Planejamento. O Executivo garantiu reajuste de 15%, a ser concedido ao longo dos próximos três anos, a partir de 2013.

A categoria informou que a oferta será apresentada aos servidores, por meio de assembleias gerais ainda esta semana, quando a proposta será avaliada.

Ao mesmo tempo em que deu início às rodadas de negociação com os servidores, na última sexta-feira, o governo federal enviou uma carta aos reitores das universidades avisando que deu fim às conversas com os docentes. A decisão foi tomada com a apresentação da última proposta, na última quarta-feira. O plano levado à representação sindical dos professores federais prevê reajuste mínimo de 25% e máximo de 40% nos salários, dividido em três parcelas anuais, a partir de março de 2013, na proporção de 40%, 30% e 30%.

Para a concessão do reajuste, o Executivo liberou R$ 4,2 bilhões e pretende encaminhar esses valores na proposta orçamentária que será enviada ao Congresso Nacional até o fim deste mês. Um dos sindicatos que representam a categoria assinou um acordo e passou a apoiar o fim da greve.

Até o momento, no entanto, os docentes da UnB não têm uma definição quanto aos rumos do movimento. "A nossa avaliação será feita na próxima assembleia, a ser realizada na quinta-feira. A direção não se posicionou a respeito", afirmou o presidente da Associação dos Docentes da UnB (Adunb), Rafael Morgado.

"A nossa avaliação será feita na próxima assembleia, a ser realizada na quinta-feira. A direção não se posicionou a respeito" Rafael Morgado, presidente da Associação dos Docentes da UnB (Adunb)