Título: O embate entre os caciques no Recife
Autor: Lyra , Paula de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 13/08/2012, Política, p. 4

A disputa pela prefeitura do Recife, cidade famosa pela efervescência cultural e pelos índices de criminalidade, marcará também um embate pessoal entre o presidente mais bem avaliado da história brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva, e um governador que, a despeito de seis anos de mandato, ostenta índices estratosféricos de popularidade, Eduardo Campos (PSB).

Aliados no plano nacional, cada um tem candidato próprio na capital pernambucana: Lula está com o senador Humberto Costa (PT) e Campos, com o ex-secretário de desenvolvimento econômico do estado, Geraldo Júlio. E não medirão esforços para eleger seus pupilos. Lula vai gravar uma série de propagandas para Humberto Costa exibir no Programa Eleitoral Gratuito — que, em Pernambuco, é conhecido apropriadamente como "guia". E sempre que a saúde permitir, pretende viajar ao Recife, capital elevada a status de prioridade pelo petista, abaixo apenas de São Paulo.

Eduardo Campos tem feito campanha intensiva para seu ex-secretário. Utiliza um telemarketing para dirigir-se diretamente ao eleitorado recifense. Alguns cidadãos recebem mais de uma ligação por dia, o que, nem sempre, gera resultados eficientes. Também são instalados telões com mensagens gravadas pelo governador para serem transmitidas nos eventos em que o presidente nacional do PSB não estiver.

As últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas na capital mostram uma vantagem folgada de Humberto Costa. Embora em alguns levantamentos ele tenha oscilado para baixo — segundo aliados, sempre na margem de erro — ele mantém um índice de intenção de votos sempre acima dos 30%. Os petistas amparam-se em outras pesquisas feitas mostrando que entre 50% e 60% dos recifenses gostariam que o PT continuasse a administrar a cidade.

O senador foi escolhido candidato após o racha na legenda provocado pelo cancelamento das prévias internas que deram a vitória ao atual prefeito, João da Costa. Para reconstruir a legenda, Humberto convidou para vice o ex-prefeito e atual deputado, João Paulo. Petista com mais votos na capital pernambucana, João Paulo amalgamou novamente o partido. Alguns vereadores ligados a João da Costa já começaram a participar dos eventos de campanha, mas este ainda está reticente ao apoio formal.

Otimismo Geraldo Júlio, que ainda está em desvantagem na disputa, aposta no alto grau de popularidade de seu padrinho — no Recife, Eduardo Campos tem aprovação de quase 90%. Além disso, nas últimas pesquisas ele tem aumentado seu percentual de intenção de votos, o que traz otimismo aos seus aliados na campanha. Apresentado como um grande gestor, técnico, batizado de "Dilma do Eduardo", Geraldo Júlio é responsável pelos principais programas do governo estadual premiados ao longo dos últimos anos. Além disso, a candidatura do pessebista conseguiu algo impensável: uniu Eduardo Campos ao antigo desafeto, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Entre os dois nas pesquisas, aparece o ex-governador do estado e deputado estadual Mendonça Filho (DEM). "Mendoncinha" inspira-se nos resultados das últimas disputas para a prefeitura recifense, nas quais a oposição, tradicionalmente, conquista entre 15% e 20% das intenções de voto. Mas ele divide as atenções com o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), que se encontra na parte debaixo das tabelas de intenção de voto.

8 Número dos principais candidatos que disputam as eleições no Recife