O Estado de São Paulo, n. 45762, 01/02/2019. Política, p. A7

 

Renan vence Simone e é o indicado pelo MDB

Renan Truffi 

01/02/2019

 

 

Após uma tensa reunião, o senador Renan Calheiros (AL) foi anunciado como candidato do MDB à presidência do Senado, derrotando por sete votos a cinco a colega Simone Tebet (MS), que também disputava a indicação do partido. A eleição de hoje na Casa deve ser a mais concorrida desde a redemocratização, com oito candidatos. Renan tenta se eleger pela quinta vez para a presidência do Senado.

Após o resultado, Renan evitou dar entrevistas. Ele foi questionado se o desfecho dividia a bancada. “Não sou eu que tenho que responder essa pergunta”, disse. Em seguida, foi questionado sobre sua experiência à frente do MDB. “A política é tão complexa que só a experiência não basta.”

Ao longo do dia, senadores contrários à candidatura de Renan tentaram chegar a um acordo para a unificação em torno de um único nome que pudesse enfrentar o parlamentar alagoano na eleição interna, sem sucesso. Em dois encontros, nenhum dos adversários fez o movimento para abdicar da intenção de concorrer em nome de algum outro.

Também devem disputar o cargo Alvaro Dias (PodemosPR), Ângelo Coronel (PSDBA), Davi Alcolumbre (DEMAP), Esperidião Amin (PP-SC), José Reguffe (Sem partidoDF), Major Olímpio (PSL-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

O mais perto que os candidatos ficaram de uma junção das chapas foi quando o Podemos, de Dias, sugeriu que Simone deixasse o MDB para se filiar ao seu partido. A ideia recebeu sinalização de possível apoio do PSDB, de Tasso, do PP, de Amin, e do PSL, de Olímpio. A estratégia levava em conta das dificuldades conhecidas que a senadora teria para enfrentar Renan na bancada. Simone ficou de analisar, mas rejeitou essa hipótese horas depois.

Reunião. Logo após os debates, os parlamentares da bancada do MDB sugeriram que Renan e Simone tentassem se entender para que o partido não precisasse deliberar sobre o assunto. Simone se recusou a conversar separadamente com o colega sob a justificativa de que já tinham discutido o assunto em outras oportunidades. Por causa disso, os senadores tiveram de votar, sendo que a maioria optou por usar uma cédula para voto secreto.

Outro golpe importante na candidatura de Simone foi a ausência do senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), que faltou à reunião. Ele havia dito, publicamente, que preferia a candidatura dela, mas não apareceu para votar como havia indicado.

Na versão de aliados de Simone, Jarbas estava em Brasília e, mesmo assim, não apareceu. A suspeita, disseram emedebistas vencidos, é de que Jarbas teria faltado por dever a Renan sua permanência no partido, durante as negociações para a filiação do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), um concorrente em seu Estado. Procurado, ele justificou a ausência dizendo que vai votar no candidato tucano. “Meu voto sempre foi aberto. Voto no senador Tasso Jereissati para presidir o Senado”, disse.

Ao final, Simone negou que vá se lançar como candidata avulsa porque não tem um partido que a apoie. “A minha candidatura avulsa só complicaria o processo para qualquer lado.”