O globo, n. 31263, 12/03/2019. Artigos, p. 3

 

O Brasil e o câncer

Ana Cristina Pinho

12/03/2019

 

 

A Sociedade Americana de Câncer divulgou relatório que confirma a queda na taxa de mortalidade por câncer nos EUA, algo observado em outros países desenvolvidos devido aos avanços médicos e à redução dos fumantes. No Brasil e em outros países em desenvolvimento, a taxa é ascendente, mas é provável que assuma o padrão dos países desenvolvidos em 20 ou 30 anos, se fizermos o mesmo que estas nações.

Já fizemos uma parte do dever de casa. As políticas de controle do tabaco, coordenadas pelo Inca, reduziram o percentual de fumantes de 35% dos adultos em 1989 para 10%, e já há uma queda na mortalidade por câncer de pulmão entre homens. Mas a epidemia do tabagismo está longe de debelada e precisamos: aumentar impostos e preços mínimos dos cigarros, medida mais efetiva para a redução do consumo; implementar o Protocolo para Eliminar o Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco, para redução do contrabando; proibir os aditivos em cigarros, que seduzem crianças e adolescentes; e adotar embalagens de cigarros padronizadas, sem o glamour das atuais.

Além de pulmão, os tipos de câncer que mais matam aqui são mama, colorretal e colo do útero (mulheres), e próstata, estômago e colorretal (homens). A redução da mortalidade passa pela prevenção, detecção precoce e acesso ao tratamento.

A responsabilidade dos governos é irrefutável, mas o cidadão tem um papel. Um terço dos casos é devido a hábitos inadequados. A União Internacional para Controle do Câncer lançou a campanha “Eu sou e eu vou”. Cada um de nós pode reduzir o impacto do câncer na sua vida, nas pessoas à sua volta e no mundo.

A adoção de hábitos saudáveis só depende de nós: pratique esporte regularmente; adote dieta rica em legumes, frutas e hortaliças; evite carnes vermelhas, álcool e alimentos processados e gordurosos; mantenha o peso adequado; não se exponha ao sol no horário de pico e use protetor solar; e não fume!

O câncer é a doença dos nossos dias, e não há soluções simples. Precisamos todos fazer a nossa parte.