Valor econômico, v. 19, n. 4597, 26/09/2018. Política, p. A9

 

Ciro Gomes se interna em São Paulo

Fabio Murakawa

André Guilherme Vieira

Cristian Klein

26/09/2018

 

 

Com dores abdominais, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) deu entrada no início da noite de ontem na emergência do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Assistido pelo urologista Miguel Srougi, Ciro foi submetido a uma tomografia com contraste para examinar a bexiga. De acordo com nota da assessoria do candidato, o pedetista passou por uma cauterização de vasos da próstata, procedimento descrito como "simples" e "poderá retornar às suas atividades o mais breve possível". A previsão de alta é hoje.

Hoje está previsto um debate entre os presidenciáveis na Rede SBT, em Osasco (SP) para o qual Ciro havia confirmado presença.

De manhã, ao cumprir agenda na Baixada Fluminense, Ciro questionou a pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira, que o apontou 11 pontos percentuais atrás do segundo colocado, Fernando Haddad (PT). O ex-governador do Ceará disse apostar no voto feminino e nos três debates de TV que faltam para realizar uma virada.

Em ato de campanha esvaziado no centro de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio, Ciro afirmou suspeitar até de corrupção nos institutos de pesquisa. "Nesse país se compra e se vende até deputado, será que instituto de pesquisa está imune a esse poder avassalador do dinheiro, da corrupção no Brasil?", disse.

O candidato, contudo, usou número de levantamento eleitoral para justificar sua esperança em avançar ao segundo turno. "Só para te dar um dado das próprias pesquisas, 51% das mulheres, que são 52% do eleitorado, não decidiram o voto ainda. Elas vão às ruas em massa agora dia 29, para defender o Brasil do fascismo, do machismo, da misoginia, da segregação social de pessoas que têm orientação sexual diferente daquilo que a prepotência impõe aos outros. Isso tudo vai repercutir muito fortemente", disse, em referência aos atos contra Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas, convocados pelas redes sociais.

Ciro se apegou ao caso da eleição ao Planalto de quatro anos atrás para confiar numa mudança de última hora dos eleitores. "Vamos pegar o passado para não dizer que é candidato se queixando de resultado de pesquisa. No dia 23 de setembro de 2014, mais ou menos esse dia da eleição passada, o Ibope dizia que a Dilma tinha 37%, a Marina, 32%, e o Aécio Neves, 19%. Como todo brasileiro sabe, o resultado foi completamente diferente disso", afirmou.

Para o presidenciável, há dois fatores que podem alterar o cenário atual apontado pelas pesquisas. "Primeiro, a população não decidiu ainda. Temos três debates fundamentais agora, nas três maiores emissoras de audiência, num crescendo. Amanhã [hoje] tem um [no SBT], depois tem outro [domingo, na Record] e o último [na TV Globo], no dia 4. Tem manifestações importantes de mulheres marcadas para o dia 29, que são a maioria do eleitorado e tendem a influenciar muito centralmente o voto. Apostem que a campanha ainda está em aberto", disse Ciro.