Título: O que o PT quer esconder em Minas
Autor: Fonseca , Marcelo da
Fonte: Correio Braziliense, 18/08/2012, Política, p. 7

Belo Horizonte — O rompimento da aliança com o PSB para a eleição municipal de Belo Horizonte criou um problema para o principal cabo eleitoral do PT: a presidente Dilma Rousseff. Com alto índice de aprovação de seu governo e considerada peça fundamental na campanha de Patrus Ananias (PT), a presidente pode ficar em uma encruzilhada caso seja chamada para pedir votos para o ex-ministro de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Isso porque, nas últimas visitas à capital, quando a continuação da parceria entre os dois partidos era tida como certa para o pleito de outubro, Dilma não economizou elogios a Marcio Lacerda (PSB), chegando até a considerá-lo "um dos melhores prefeitos deste país".

Na tentativa de desarmar o adversário, a coligação de Patrus tentou impedir na Justiça que as legendas que apoiam a reeleição de Lacerda usem imagens da presidente durante o horário eleitoral, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) indeferiu o pedido, garantindo mais munição para a campanha do prefeito. Na ação protocolada segunda-feira pela Coligação Frente BH Popular (PT/PMDB), foi pedido ao tribunal que impedisse o uso de qualquer imagem ou áudio de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em propagandas eleitorais de rádio e televisão nas campanhas de Marcio Lacerda. Na noite de quinta, o juiz Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior, da 331ª Zona Eleitoral, negou o pedido, destacando que a legislação não proíbe o uso e que "a transmissão de imagens de evento oficial em que o presidente da República e o candidato aparecem juntos não significa participação ou apoio". Como foi uma decisão em primeira instância, os petistas já decidiram recorrer.

A disputa pelo uso da imagem de Dilma nas campanhas municipais que envolvem candidatos aliados do governo federal foi discutida em encontro de lideranças nacionais do PT, na semana passada, em Recife. O presidente da legenda, Rui Falcão, ressaltou que somente os partidos coligados poderiam usar o nome e a imagem da presidente. Segundo ele, o assunto seria discutido com a própria Dilma, e as formas para impedir que a imagem dela seja utilizada em campanhas ainda serão avaliadas pela assessoria jurídica do PT.

Lacerda não confirmou ontem se usará as imagens com Dilma. "Queremos mostrar a figura central da campanha, que é o prefeito disputando a reeleição, e o prefeito tem muita coisa para mostrar."

No Rio, Lula dá força a Paes O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou das gravações do programa eleitoral do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), que concorre à reeleição. O governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), também participou das filmagens, realizadas em um hotel de Copacabana. Foi a primeira vez que Lula cumpriu agenda eleitoral a favor de aliados fora de São Paulo desde que foi liberado pelos médicos, no início do mês, para fazer campanha pelo país. No fim de fevereiro, ele finalizou tratamento contra câncer na laringe e, nas semanas seguintes, ainda se ressentia das pesadas sessões de radioterapia.

No metrô, Serra é cobrado por eleitores O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra (foto), fez corpo a corpo com os eleitores no metrô da capital paulista ontem, e foi cobrado pelos usuários do sistema público de transporte. Após entrar em um trem na Estação Berrini, na Zona Sul, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), por volta das 13h, o tucano ouviu de um grupo por que não fazia campanha no horário de pico. "Vem aqui às 18h para ver como a gente fica", berrou um passageiro. Outros criticaram Serra, alegando que a visita era "puro marketing eleitoral". Após descer na Estação Faria Lima, o candidato disse que as cobranças eram "naturais".