Valor econômico, v. 19, n. 4618, 26/10/2018. Política, p. A11

 

Novo pode ter primeiro governo em Minas Gerais

Marcos de Moura e Souza 

26/10/2018

 

 

Sem nenhuma experiência na política, o empresário Romeu Zema (Novo) chega às vésperas do segundo turno da eleição para o governo de Minas Gerais como franco favorito. Seu adversário, o ex-governador e atual senador Antonio Anastasia (PSDB), vinha sendo considerado desde o ano passado como o nome mais forte da disputa no Estado. Mas Zema aproveitou a forte onda pelo país de rejeição a políticos tradicionais e conseguiu o feito de se consolidar nesta fase final da disputa com votos de eleitores petistas e bolsonaristas.

Na pesquisa Datafolha divulgada ontem, Zema apareceu com 68% dos votos válidos e Anastasia, 32%. Ele começou a campanha com 3% das intenções de voto, quando os personagens principais eram Anastasia e o governador e então candidato à reeleição, Fernando Pimentel (PT). O PSDB e o PT governam Minas - ora um ora outro - desde 2003.

Zema foi uma surpresa no primeiro turno. Foi o mais votado, com 42,73% dos votos válidos. Anastasia teve 29,06%.

O candidato do Novo explorou como pode a imagem desgastada da classe política ao insistir que ao contrário do que é a praxe, ele não vai indicar políticos para secretarias, que não tem acordos e conchavos com outras legendas.

Disse também que vai abrir mão do salário de governador enquanto servidores estiverem recebendo os seus em parcelas - em função da severa crise fiscal do Estado. Disse que vai circular de táxi ou de carro próprio e morar em sua casa e não no Palácio das Mangabeiras, a sede suntuosa do governo. Para os críticos, populismo barato. Mas o eleitor mineiro se encantou.

Mateus Simões, vereador pelo Novo em Belo Horizonte e um dos coordenadores da campanha, diz que além dessas bandeiras, Zema se projetou apresentando-se como alguém, com larga experiência empresarial, capaz de tirar a economia de Minas do buraco. O Estado acumula desde 2015 sucessivos déficits orçamentários e Pimentel prevê que em 2019, o rombo entre receita e arrecadação será de R$ 11,4 bilhões.

Segundo Simões, Zema tratará como prioridade um esforço para renegociar a dívida de R$ 85 bilhões que o Estado tem com a União. Simões afirmou esta semana ao Valor que o economista Gustavo Franco, guru econômico de Zema, já está liderando contatos com a equipe do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). O objetivo é abrir caminhos para uma futura renegociação da dívida.

Se a vitória de Zema for confirmada, Minas Gerais será a primeira experiência de governo do partido Novo - uma legenda que se agarra às teses do liberalismo econômico e às privatizações. O Novo foi oficializado em 2015. Será também a primeira experiência de Zema na administração pública. Toda sua experiência até então é na empresa de sua família, o Grupo Zema, que atua no ramo de combustíveis e varejo de eletrodomésticos.

É essa condição de novato na vida pública que se tornou a munição favorita de Anastasia e do PSDB neste segundo turno. Nos discursos, nas entrevistas, no horário eleitoral, Anastasia insistiu que a eleição de alguém completamente inexperiente como gestor público será um risco alto demais. Especialmente, porque o Estado passa por uma de suas maiores crises financeiras dos últimos anos.

Anastasia está na vida pública há três décadas. Teve cargo no Esplanada dos Ministérios, foi secretário de Estado nos governos de Aécio Neves em Minas, vice-governador, governador e se elegeu senador em 2014. Na campanha, promete austeridade fiscal, retomada de projetos bem sucedidos de seu governo (2010 a 2014), medidas para atração de empresas e simplificação dos impostos. O tucano também assumiu um papel de defensor das estatais e companhias públicas mineiras enquanto Zema e seu grupo colocam no horizonte a privatização da Cemig (energia elétrica), Copasa (saneamento) e Codemig (sócia da maior mineradora de nióbio do mundo).

Zema arrebatou eleitores bolsonaristas ao pedir votos para o capitão da reserva dias antes do primeiro turno e conquistou, na segunda fase, eleitores petistas que rejeitam o PSDB.

O fio de esperança que ainda ontem restava aos tucanos mineiros era de uma guinada do eleitorado após o debate da TV Globo, marcado para a noite.

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Pesquisas indicam virada em RO com vitória do candidato do PSL

Adriana Mattos 

26/10/2018

 

 

Após uma disputa acirrada pela segunda vaga no primeiro turno pelo governo de Rondônia, as pesquisas indicam uma possível virada nos resultado da eleição no domingo. Pesquisas indicam a vitória do coronel Marcos Rocha, candidato do PSL, partido de Jair Bolsonaro.

Com essa mudança, Rondônia pode ser um dos poucos Estados, entre os 14 com votação no domingo, com alteração significativa no resultado da primeira para a segunda fase das eleições.

Na última pesquisa divulgada pelo Ibope na sexta-feira, Marcos Rocha, que ficou com a segunda posição no primeiro turno, aparece com 63% da preferência do eleitorado. Já o candidato Expedito Júnior (PSDB) registrou 37% dos votos válidos. Expedito terminou o primeiro turno vitorioso, mantendo a dianteira ao longo de toda a apuração.

O candidato do PSDB ficou com a liderança na disputa na primeira fase, com 31,59% dos votos e Marcos Rocha, com 23,99%. Rocha acabou passando para o segundo turno após uma disputa mais acirrada com Maurão de Carvalho (MDB) quando 60% das urnas tinham sido apuradas.

O último levantamento do Ibope foi realizado entre os dias 16 e 18 deste mês e tem margem de erro de 3 pontos, para mais ou para menos. Pelos dados da pesquisa, o índice de rejeição de Expedito Júnior avançou nas últimas semanas. Segundo a pesquisa 36% dos entrevistados não votariam em Expedito de jeito nenhum. Enquanto Marcos Rocha tem 13% de rejeição.

Na avaliação de políticos locais, o bom desempenho de Rocha nas pesquisas tem certa relação com o crescimento de Bolsonaro na campanha presidencial - o candidato do PSL tem aparecido nas pesquisas com alguma folga em relação a Fernando Haddad (PT).

O discurso de Bolsonaro tem sido reforçado na campanha de Rocha, um militar reformado com 50 anos de idade, especialmente o combate à violência e a defesa de políticas de criação de emprego.

Dias atrás, os ânimos entre políticos do PSL no Estado ficaram mais exaltados, após a publicação do que Rocha chamou de fake news. Nesta semana, ele disse, em entrevista na TV, que adversários estavam investindo "pesado na propagação de notícias falsas na internet" para gerar discórdia no partido. Rocha contestou publicações em redes sociais de que estaria recebendo o apoio no segundo turno do MDB, PDT e PSDC.

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Efeito Bolsonaro deve levar o novato Antônio Denarium ao governo em RR

Bettina Barros 

26/10/2018

 

 

Após a surpreendente virada no primeiro turno, encerrando a votação em primeiro lugar, o empresário Antônio Denarium (PSL) cresceu mais na intenção de voto do eleitorado nas últimas semanas e tudo indica que será escolhido domingo como o novo governador de Roraima. O candidato de Jair Bolsonaro mantém boa vantagem frente ao adversário do PSDB, o ex-governador José de Anchieta.

Segundo sondagem Ibope, realizada de 16 a 18 de outubro, 58% declararam o voto a Denarium, contra 36% a Anchieta. Votos em branco e nulos somaram 2%, e outros 3% não souberam responder.

Novato no ramo, Denarium, o goiano de 54 anos que migrou para Roraima em 1991, nunca exerceu cargos políticos. Empresário do setor imobiliário e pecuarista, ele pertence ao grupo dos 11,42% de candidatos empresários que pleitearam cargos estaduais ou federais nesta eleição no Estado.

Assim como Bolsonaro - que obteve em Roraima a segunda maior votação nacional, atrás de Santa Catarina -, ele promete uma abordagem política "diferente de tudo o que se viu até hoje em Roraima". E conclamou os que não votaram na legenda no primeiro turno a se unirem à "família 17".

O discurso do novo e, ainda mais importante, a onda conservadora que varreu o Brasil em 2018 acertaram a campanha de Anchieta, associada à "velha política". Nem a forte coligação política (com MDB, DEM, PSD, Democratas), o tempo de TV ou o apoio de Romero Jucá, o maior cacique de Roraima, impediram o veto de negação às elites tradicionais e a ascensão do PSL. Ao contrário: Jucá amargou uma derrota histórica na tentativa de se manter no Senado.

Engenheiro de 53 anos que liderou a campanha até 7 de outubro, Anchieta elegeu-se vice e virou governador de Roraima em 2007 após a morte do titular, Ottomar Pinto. Reeleito em 2010, renunciou para disputar vaga ao Senado.

Mesmo com diferenças, o discurso dos candidatos convergiu para a segurança. Denarium defende mais cadeias e a classificação de detentos por grau de periculosidade, e não pela separação por facções criminosas. Anchieta, o aparelhamento policial. À categoria, ambos prometem salários em dia, tema que levou esposas de militares a protestar nas ruas da capital.

Apesar da dianteira, Denarium perdeu em 8 dos 15 municípios do Estado, todos no Norte, onde estão as maiores áreas indígenas criticadas por Bolsonaro. Já o candidato tucano perdeu em Boa Vista, que reúne 65% do eleitorado estadual.

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Contestado pela Justiça, PSB lidera no Amapá

Rita Azevedo 

26/10/2018

 

 

Após um primeiro turno conturbado, marcado pelo questionamento sobre a validade dos votos de um dos candidatos, os eleitores do Amapá vão às urnas no domingo eleger o próximo governador do Estado. No confronto, duas figuras tradicionais da política local. De um lado, Waldez Góes (PDT), atual governador, que obteve 133.214 votos no primeiro turno (33,5% dos válidos). Do outro, João Capiberibe (PSB), senador, que recebeu 119.500 votos (30,1%) no dia. Capiberibe só foi liberado pela Justiça para concorrer nove dias após o primeiro turno.

A candidatura do pessebista havia sido vetada na véspera da eleição de 7 de outubro, depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que o PT do Amapá - partido do vice de Capiberibe, Marcos Roberto - não poderia disputar a eleição, devido à falta de prestação de contas em anos anteriores.

No dia do primeiro turno, os votos do candidato do PSB foram, inicialmente, considerados nulos. Após liminar do ministro Og Fernandes, os votos foram contabilizados e divulgados já no fim da noite.

A confirmação de Capiberibe no segundo turno ocorreu em 16 de outubro, quando o plenário do TSE decidiu, por 6 votos a 1, que ele poderia continuar na disputa, desde que trocasse o vice. Com isso, o petista Marcos Roberto foi substituído por Andreia Tolentino da Silva (PSB).

Com o imbróglio, a propaganda eleitoral no Amapá para governador foi atrasada, por decisão do TSE, e só começou a ser veiculada no rádio e na televisão no dia 17 de outubro, cinco dias após o início em outros Estados.

Na última pesquisa realizada pelo Ibope, divulgada em 19 de outubro, os dois apareceram tecnicamente empatados. Capiberibe recebeu 52% das intenções de voto válidos, enquanto Waldez teve 48%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Capiberibe e Waldez são adversários históricos na disputa pelo Palácio do Setentrião. Em 1998, quando buscava se reeleger, Capiberibe venceu Waldez no segundo turno. Em 2006, Waldez venceu Capiberibe.