O globo, n. 31255, 04/03/2019. País, p. 7

 

Apoiador de Bolsonaro, agente que escoltou Lula fez curso da Swat

Aline Ribeiro

Henrique Gomes Batista

04/03/2019

 

 

Danilo Campetti usou distintivo da polícia de Miami; petistas cobram explicação

A foto de um policial federal usando um distintivo da divisão de armas e táticas especiais da polícia de Miami (Swat, na sigla em inglês) enquanto fazia a escolta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteontem, em São Paulo, chamou a atenção de filiados e simpatizantes do PT.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e outros apoiadores cobraram ontem providências da Corregedoria da Polícia Federal, já que foram encontrados elogios ao presidente Jair Bolsonaro e críticas ao PT nas redes do policial sobre o assunto.

Os apoiadores do ex-presidente chegaram a questionar se o policial não seria um agente americano infiltrado. Nem mesmo a identificação do policial terminou com a polêmica: Danilo Campetti é brasileiro e atua numa divisão tática da Polícia Federal de São Paulo.

Natural de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, especialista em armamentos e instrutor de tiros, Campetti recebeu o distintivo da Swat em 2005, quando era policial civil em São Paulo e participou de um curso de especialização nos EUA. Ano passado, Campetti trabalhou na equipe de agentes federais que fez a segurança de Bolsonaro durante a campanha presidencial. Em suas redes sociais, postou mensagens de apoio a Bolsonaro, a quem se referia como “capitão”.

Em outras postagens, o policial se orgulha de ser “conservador, hétero e adorar armas”, além de repostar mensagens a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Questionada, a PF afirmou que não faria comentários relacionados à escolta do ex-presidente Lula. A PF não respondeu às perguntas sobre normas para o uso de distintivos nos uniformes dos agentes. Procurado, Campetti não foi localizado até a noite de ontem.

No sábado, Lula deixou a prisão, em Curitiba, para para acompanhar, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, o velório de seu neto Arthur, de 7 anos, vítima de meningite.