O globo, n. 31253, 02/03/2019. País, p. 7

 

Justiça autoriza Lula a viajar para velório do neto

Cleide Carvalho

Gustavo Schmitt

Sérgio Roxo

02/03/2019

 

 

Arthur, de 7 anos, teve meningite e será velado em São Bernardo do Campo (SP). Polícia Federal e Ministério Público se manifestaram a favor da saída do ex-presidente, preso em Curitiba desde abril do ano passado

A 12ª Vara da Justiça Federal autorizou a viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a São Bernardo do Campo, no ABC paulista, para o velório de seu neto Arthur, de 7 anos, que morreu ontem de meningite. Detalhes do deslocamento foram mantidos em sigilo. Arthur era o quinto dos seis netos de Lula. Oex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi autorizado ontem a deixar a Polícia Federal (PF), em Curitiba, onde está preso desde abril do ano passado, para acompanhar o velório do seu neto, Arthur, de 7 anos, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A decisão da juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara da Justiça Federal, tornada pública, limitou-se a dizer que concordava com o deslocamento do petista. Detalhes do deslocamento de Lula foram mantidos em sigilo por razões de segurança. No início da noite, advogados discutiam dois cenários para a ida de Lula a São Bernardo. No primeiro, o ex-presidente dormiria na PF de São Paulo e encontraria a família hoje de manhã. No segundo, o petista sairia de Curitiba nas primeiras horas e iria direto para o velório. Também foi mantido em sigilo se a juíza escolheu algum lugar específico para o encontro de Lula e sua família. Arthur deu entrada no hospital Bartira, em Santo André, também no ABC, pouco depois das 7h de ontem com quadro infeccioso de meningite meningocócica. Ele morreu às 12h36 com o agravamento da doença, como informou o colunista Ancelmo Gois. O corpo será cremado às 12h no Cemitério das Colinas. Após pedido da defesa de Lula, a PF e o Ministério Público Federal (MPF) se manifestaram a favor da saída do ex-presidente.

Governo empresta avião

O governo do Paraná colocou à disposição um helicóptero e um avião para o transporte de Lula até São Paulo. Arthur era o quinto dos seis netos do ex-presidente. Filho de Marlene Araújo e Sandro Luís Lula da Silva, filho do meio do petista, o garoto nasceu em 2012, quando o ex-presidente fazia um tratamento contra um câncer na laringe, um ano depois de deixar a Presidência. Nos últimos meses, o menino viajou algumas vezes a Curitiba, na companhia dos pais, para visitar o avô. De acordo com registros da PF, no ano passado ele passou uma manhã e um dia com Lula. A morte de Arthur ocorreu um mês depois do falecimento do irmão do ex-presidente Genival Inácio da Silva, o Vavá, que morreu vítima de um câncer aos 79 anos. Na ocasião, a PF e a Justiça Federal em Curitiba negaram autorização para que Lula fosse ao velório, sob o argumento de falta de aeronaves e risco à segurança do expresidente e do público que poderia protestar.

Por fim, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, autorizou a ida de Lula, mas a liberação chegou minutos antes do enterro, e o petista não saiu da PF, em Curitiba. O Código de Execução Penal diz que condenados em regime fechado podem obter permissão para sair da prisão pelo “falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”. Só no primeiro semestre de 2016, 88.564 presos foram autorizados a deixar a cadeia para acompanhar enterros ou tratamento médico de familiares.