Título: Caixa tem lucro de R$ 2,8 bi
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 10/08/2012, Economia, p. 13
Ao contrário dos grandes bancos privados, que viram o resultado despencar no primeiro semestre do ano por conta do aumento da inadimplência — a exceção foi o Bradesco, cujo lucro cresceu 2,5% no período em comparação com 2011 —, a Caixa Econômica Federal apresentou ganho de R$ 2,8 bilhões nos primeiros seis meses do ano, com alta de 25,2% em relação ao mesmo período do ano passado. No segundo trimestre de 2012, o rendimento da instituição bancária foi de R$ 1,7 bilhão.
O vice-presidente de Controle e Risco da Caixa, Raphael Rezende Neto, atribuiu o bom desempenho, sobretudo, ao crescimento de 44,6% das operações de crédito, o que impulsionou as receitas. Também foi grande a expansão da base de clientes, o que contribuiu para uma maior arrecadação na prestação de serviços. A Caixa fechou o semestre com um total de 62 milhões de correntistas.
Para a atuação excepcional até o momento, Rezende Neto destacou o lançamento do programa Caixa Melhor Crédito em abril. Com o atrativo da redução de juros em várias linhas de financiamento, a Caixa viu a média de contratações de operações por mês saltar de R$ 6,7 bilhões para R$ 10,6 bilhões.
Com o aumento do crédito cresceu também em 35% as provisões para créditos de liquidação duvidosa. No segundo trimestre do ano, as provisões ultrapassaram a R$ 1,9 bilhão. "Ampliar a concessão de crédito com juros menores foi uma estratégia acertada e vamos mantê-la", afirmou ontem Jorge Hereda, presidente da Caixa. "A atividade econômica vai acelerar no segundo semestre", acrescentou.
Inadimplência Mesmo com o aumento das provisões, Rezende Neto garantiu que o nível de inadimplência continua baixo. Isso está relacionado ao carro-chefe de suas operações, que é justamente o financiamento habitacional. A inadimplência no crédito imobiliário da Caixa está em 1,78%, enquanto que no crédito total ficou em torno de 2%.
Por conta do aumento das operações até o momento, a Caixa revisou para cima a expectativa de crescimento do crédito no ano. Com uma estimativa inicial de R$ 286 bilhões, o banco espera fechar 2012 com empréstimos da ordem de R$ 320 bilhões — alta de 35% em relação aos R$ 238 bilhões no ano passado. Até o momento, a instituição já contratou R$ 137 bilhões, e conta com um incremento no ritmo do crescimento do país para desembolsar o restante.
Previsões reduzidas
Com o Banco do Brasil, a Caixa compôs a ofensiva do governo federal para forçar a expansão do crédito e reduzir juros no segundo trimestre, numa tentativa de reativar a cambaleante economia, enquanto os bancos privados se retraíram. Nas últimas semanas, o Itaú Unibanco e o Bradesco, os dois maiores bancos privados brasileiros, reduziram as previsões para crescimento de suas carteiras de crédito em 2012, em meio a um cenário de inadimplência em ascensão, que os forçou a fazer maiores provisões para perdas com calotes.
Entre as três maiores
A Caixa Econômica pretende acelerar suas concessões da carteira comercial — que inclui empréstimos para empresas e para pessoas físicas — em 60% no acumulado do ano. A previsão de aumento do estoque de financiamentos imobiliários, a principal linha da instituição, é de 25%. Prevendo que o banco manterá o ritmo superior de operações em relação à média do mercado, o presidente Jorge Hereda previu que a instituição será uma das três maiores do país nos próximos anos. Atualmente, a Caixa é o quarto maior banco em ativos do país, com R$ 596,3 bilhões no fim de junho, atrás de Banco do Brasil, Itaú e Bradesco.