Título: Expectativa sobre Lewandowski
Autor: Campos , Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 22/08/2012, Política, p. 2

Depois do polêmico debate acerca da forma de votação da Ação Penal 470, o ministro-revisor do processo, Ricardo Lewandowski, vai começar a ler seu voto hoje à tarde. Ele deve levar cerca de uma sessão e meia para revelar o entendimento a respeito do item 3 da denúncia, que trata dos contratos das empresas de Marcos Valério com a Câmara dos Deputados e com o fundo Visanet.

Ontem à tarde, Lewandowski disse que seu voto ainda não estava pronto, e que havia dúvidas a respeito de alguns pontos. "Não sei se vou divergir ainda (do voto do relator). Estou estudando profundamente o voto do ministro Joaquim", explicou o revisor. Ele assegurou que leva em consideração todas as sustentações orais dos advogados e os votos dos colegas. "Os votos não são peças fechadas, são flexíveis, senão de nada valeriam as sustentações", justificou.

Diante da decisão da Corte de que a votação será fatiada, ou seja, separada por itens, o ministro-revisor teve que adaptar seu texto. Ele e sua equipe passaram o fim de semana trabalhando para organizar os argumentos de acordo com a forma escolhida pelo Supremo. "Tive que fazer uma colcha de retalhos. Estou me curvando àquilo que a Corte decidiu e me adaptando à lógica do voto do ministro Joaquim."

Existe grande expectativa com relação ao voto do ministro Lewandowski. Em junho, ele afirmou que atuaria como um contraponto às posições de Joaquim Barbosa, o que levou ao entendimento de que contradiria as teses do ministro-relator. Desde o início do julgamento, advogados dos réus já falavam sobre a expectativa de que Barbosa condenaria boa parte dos acusados e, por conta da declaração de Lewandowski, ele poderia absolver a maioria. Mas somente hoje, a partir das 14h, quando começa a sessão do Supremo, será possível saber qual é o entendimento do revisor sobre as primeira denúncias do mensalão.

Na sessão da última segunda-feira, o clima entre os ministros estava bem mais amistoso. O ambiente contrastava com o observado na semana passada, quando foram frequentes os embates entre os dois magistrados. Havia dúvidas a respeito da forma de votação e os ministros se reuniram em plenário sem que os advogados soubessem ao menos qual seria a ordem de votação. Mas, ao fim da sessão, o ministro Joaquim Barbosa explicou com clareza como será analisada a denúncia. (HM e AMC)