Título: Do STF ao Le Monde
Autor: Campos , Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 22/08/2012, Política, p. 2

O jornal francês Le Monde dedicou uma página inteira da edição de ontem ao mensalão. Entrevistado, o ministro Joaquim Barbosa, que assume a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro, discursou como titular da mais alta Corte brasileira. Barbosa anunciou alguns de seus planos ao ser questionado sobre a necessidade de uma reforma eleitoral e de mudanças nas regras de financiamento dos partidos. O ministro disse que esses são alguns dos pontos que pretende discutir com a presidente Dilma Rousseff quando assumir o STF. "É preciso ajudá-la a assumir uma grande liderança a fim de operar uma verdadeira mudança", comentou

O periódico cita o currículo do ministro, que inclui um doutorado concluído na Universidade Paris II. Na entrevista, Barbosa diz que o processo de julgamento do mensalão é histórico porque "as acusações estão relacionadas ao maior escândalo de corrupção e de desvio de recursos públicos já revelado no Brasil". E acrescentou: "No Brasil, há uma tradição de longa data que diz que os ricos não são julgados". Questionado sobre a demora para o processo entrar na pauta do Supremo, o relator afirmou: "A Justiça no Brasil é lenta".

Sobre a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre os acusados do mensalão, Joaquim Barbosa explicou que essa foi uma decisão da Procuradoria Geral da República. Mas garantiu: "Não há nada contra ele (Lula). Por outro lado, não cabe a nós dizer quem o procurador deve colocar na lista de acusados".

Apesar dos atrasos, a publicação francesa afirma que o veredicto é esperado para o começo de setembro. "Aberto em 2 de agosto, sete anos depois dos fatos e em um clima tenso, o processo do mensalão (grande mesada) começou com a leitura da acusação por Roberto Gurgel, procurador-geral da República", diz o texto. A reportagem é ilustrada por uma foto de bonecos dos principais personagens do episódio vestidos como presidiários em frente ao STF. (HM)

"É preciso ajudá-la (dilma) a assumir uma grande liderança a fim de operar uma verdadeira mudança" Joaquim Barbosa, ministro do STF