O globo, n. 31303, 21/04/2019. Economia, p. 24

 

Aposentadorias rurais são quase um terço do total

21/04/2019

 

 

Proporção leva em conta total de 20 milhões de beneficiários do INSS. Atualmente, o trabalhador do campo só precisa comprovar que exerce a atividade, mas não é obrigado a contribuir para o regime geral. Reforma propõe mudar regra

O levantamento feito pela CNC indica uma alta concentração de aposentadorias rurais, outro tema polêmico na reforma da Previdência. Em 2017, 20 milhões de pessoas estavam aposentadas pelo INSS. Quase um terço, 6,9 milhões, eram aposentadorias rurais. Elas são pagas a trabalhadores do campo quando completam 60 anos( homens) e 55 anos (mulheres) e comprovam o mínimo de 180 meses trabalhados na atividade rural. Não há necessidade de terem contribuído com o INSS. Pela reforma, os trabalhadores rurais precisarão de ao menos 20 anos de contribuição. A mudança tenta coibir o grandevo lume defraudes registrado em aposentadorias no campo.

O cruzamento de dados que identificou que um terço das cidades brasileiras já tem mais aposentados que trabalhadores formais exclui da conta os aposentados do funcionalismo público com regime próprio e os trabalhadores informais, e considera dados de 2017, os últimos disponíveis.

—A comparação tem de ser feita entre trabalhadores formais e aposentados do regime geral, pois essa é a relação que importa para o equilíbrio do INSS, grande tema da reforma — afirmou Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC. O demógrafo José Eustáquio observa que, se a amostra incluísse aposentados do serviço público com regimes próprios, a distorção seria ainda maior, já que entre o funcionalismo as aposentadorias precoces são comuns.