O globo, n. 31299, 17/04/2019. País, p. 12
Ministro: vídeo sobre 1964 foi enviado por engano
Bruno Góes
17/04/2019
Santos Cruz afirmou que divulgação pela Secom de gravação com ator exaltando o golpe militar foi um ‘erro de procedimento’; publicação foi feita por servidor com 26 anos de funcionalismo e que trabalhou nos governo de Lula e Dilma
O ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, disse ontem, na Comissão de Trabalho da Câmara, que o funcionário do Palácio do Planalto que divulgou um vídeo comemorativo do golpe de 1964, ao enviar mensagens com a gravação a jornalistas, é um servidor de 26 anos de carreira, que trabalho unos governos de Luiz Inácio Lu lada Silva e Dilma Rousseff.
Convidado afalar sobre o disparo da gravação no dia 31 de março deste ano, Santos Cruz afirmou que a divulgação não era prevista.
— No domingo de manhã o funcionário achou que era um vídeo feito pela Secom e disparou o vídeo. É um funcionário de 26 anos de serviço. Trabalhou no governo Dilma e Lula. Não teve motivação ideológica —disse Santos Cruz.
O ministro acrescentou que só viu a gravação inteira ontem, pois achava que era um vídeo de um “velhinho da reforma da Previdência”. Segundo ele, a divulgação foi “um erro de procedimento”.
—É simples, não vim contar uma história mirabolante —resumiu.
Após a sessão, o ministro não quis dizer o nome do funcionário por uma “questão ética”. Ele acrescentou que não haverá punição.
— Não tem punição. Não é todo erro que se pune. Você não pode pegar um servidor honrado que comete um erro depois de 25, 30 anos de serviço... Você tem que considerar isso também —declarou.
A comissão foi tomada por deputados do PSL. Dos primeiros dez inscritos para fazer perguntas, todos eram do partido. Alguns defenderam a ditadura militar, como o deputado Daniel Silveira (PSLRJ), e outros disseram que o tema tratado no colegiado deveria se restringir ao vídeo, assunto do requerimento aprovado e que consta no convite.
Após Silveira dizer que “não havia problema nenhum” comemorar o golpe, Nelson Barbudo (PSL-MT) criticou indiretamente o colega de partido.
— Vejo que a coisa está indo pro lado ideológico — disse Barbudo.