O globo, n. 31299, 17/04/2019. País, p. 13

 

PF faz busca na casa de presidente afastado da Vale

Dimitrius Dantas

17/04/2019

 

 

Outros quatro mandados foram cumpridos no Rio, em Belo Horizonte e em Nova Lima (MG). De acordo com policiais federais, operação teve como objetivo apreender documentos relacionados à tragédia de Brumadinho

A Polícia Federal deflagrou, na manhã de ontem, uma operação para aprofundar as investigações em relação à tragédia de Brumadinho (MG). Entre os alvos da operação está o presidente afastado da Vale, Fabio Schvartsman. Agentes da Polícia Federal cumpriram mandado de busca e apreensão em sua casa.

De acordo com os policiais, o objetivo da ação era a apreensão de documentos. Além da casa de Schvartsman, agentes da PF cumpriram um mandado no Rio de Janeiro e outro em Nova Lima (MG). As outras duas buscas foram cumpridas em Belo Horizonte.

A decisão foi expedida pela 9ª Vara da Justiça Federal de Belo Horizonte. A operação foi revelada pela colunista do GLOBO, Bela Megale.

Em nota, a Vale afirmou que a empresa e seus empregados “têm apresentado, desde o momento do rompimento da barragem, todos os documentos e informações solicitados voluntariamente e, como maior interessada na apuração dos fatos, continuará contribuindo com as investigações.”

Mortes chegaram a 229

Já a defesa de Schvartsman considerou que a busca e apreensão não eram necessárias. “Mas o executivo reitera sua postura de seguir colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos”, disse por meio de nota.

A barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu no dia 25 de janeiro deste ano. A lama que foi liberada destruiu construções e residências próximas. Ao todo, de acordo com o último balanço da Defesa Civil, 229 mortes foram confirmadas. Outras 48 pessoas continuam desaparecidas.

Desde o rompimento da barragem, 13 investigados chegaram a ser presos, mas todos já deixaram a cadeia. Onze deles são funcionários da Vale e dois da TÜV SÜD, empresa de consultoria que atestou estabilidade da estrutura de Brumadinho.

Fabio Schvartsman se afastou do cargo de presidente da mineradora em março, após pressão de promotores que investigam a tragédia. Ele pediu o afastamento ao Conselho de Administração um dia após a recomendação feita pelos integrantes do Ministério Público para que ele e outros 13 executivos se afastassem dos cargos.

“Estou absolutamente convicto de que minha atuação pessoal e a dos demais membros de nossa Diretoria, cujo afastamento é agora solicitado, foi absolutamente adequada, correta e, principalmente, fiel aos nossos valores inegociáveis de proteção à segurança das operações da companhia, e às diretrizes nesse sentido emanadas desse Conselho”, escreveu na carta de afastamento.