Correio braziliense, n. 20397 , 26/03/2019. Economia, p.7

País cria 173,1 mil vagas formais em feveiro

Marília Sena

 

 

O mercado de trabalho formal apresentou resultado positivo em fevereiro. Segundo dados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram geradas mais de 173 mil vagas com carteira assinada no país — o melhor desempenho para o mês desde 2014. De acordo com o  Secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, os números superaram a expectativa do mercado e devem continuar positivos nos próximos meses.

O secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo, observou que mais de 211 mil empregos foram criados nos dois primeiros meses de 2019, Ele classificou a situação como “bastante positiva”, mas ressaltou que avaliações devem ser feitas com cautela. “A expectativa é de que os próximos meses sejam bons, devido à sazonalidade no setor agropecuário”, disse.

Dos oito setores analisados, sete geraram saldo líquido em fevereiro. O de serviços foi o que mais empregou, abrindo 112.412 vagas. O coordenador de Estatística do Trabalho, Mário Magalhães, chamou a atenção para as 11.097 oportunidades de trabalho na construção civil, das quais 5.894 na construção de residências. “Isso mostra que o poder de compra dos brasileiros está aumentando”, afirmou.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Rodrigues, disse que a confiança voltou após as eleições. Ele destacou que, em todo o ano passado, o setor abriu 29 mil vagas. Só em janeiro e fevereiro deste ano, foram 26 mil. “A construção está otimista com o novo governo”, afirmou.

Para o economista-chefe do Conselho Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, a expectativa é de que este ano sejam criados 900 mil postos formais. De acordo com ele, a economia deve crescer 2,2%.  “A alta será maior do que no ano passado, e há uma correlação muito grande entre crescimento econômico e mercado de trabalho”, observou.

Segundo Bentes, ainda não se pode afirmar que a retomada do setor da construção indica a volta dos investimentos no Brasil. “De todos os segmentos acompanhados pelo Caged, a construção civil foi o que mais sofreu com a crise. Então, precisamos esperar um pouco, mas o mercado imobiliário já está em recuperação.”

As unidades da Federação que mais empregaram em fevereiro foram São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. O Distrito Federal ficou em 11º lugar. Todas as regiões criaram empregos, menos a Nordeste, que teve saldo negativo de 12.441 pontos. A Sudeste foi responsável por 101.649 empregos, a Sul, por 66.021, a Centro-Oeste, por 14.316 e a Norte, por 3.594.

 

Reforma

Entre as modalidades de trabalho criadas pela reforma trabalhista de 2017, houve 19.030 desligamentos mediante acordo entre empregador e empregado. Foram criados, ainda, mais de 4 mil postos de trabalho intermitente. “Os números que envolvem a reforma ainda são baixos devido à falta de conhecimento. Quando os trabalhadores estiverem melhor informados, os dados vão aumentar”, afirmou Bruno Dalcomo.

 

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

 

Frase

“Os números que envolvem a reforma trabalhista ainda são baixos. Quando os trabalhadores estiverem melhor informados, os dados vão aumentar”

Bruno Dalcolmo, secretário de Trabalho do Ministério da Economia