O globo, n. 31295, 13/04/2019. País, p. 6

 

Bebianno deixa ações de Bolsonaro na Justiça Eleitoral

Bela Megale

13/04/2019

 

 

Rompido com presidente, ex-ministro foi substituído em 30 ações por Karina Kufa, que trabalhou com ele na campanha de 2018

O elo que ainda existia entre o presidente Jair Bolsonaro e Gustavo Bebianno, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, foi cortado de vez nesta semana. Ele foi substituído em todos os processos do presidente pela advogada Karina Kufa. Uma petição assinada por Bolsonaro e anexada em 30 ações na Justiça Eleitoral suspendeu os poderes de Gustavo Bebianno. O comunicado a Bebianno foi feito pela própria advogada. A amigos, o ex-ministro não escondeu a insatisfação. Karina trabalhou com Bebianno na área jurídica da campanha de Bolsonaro e hoje é a principal responsável pelas ações do PSL, partido do presidente. Na cartela de clientes também tem outro nome da família, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Embate com Jean Wyllys

Foi Bebianno quem representou Bolsonaro em fevereiro do ano passado, quando o presidente processou um de seus maiores desafetos, o ex-deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), por calúnia e injúria.

O caso tem origem numa entrevista de Wyllys ao jornal “O Povo” em 2017. Ele usou termos como “fascista”, “racista”, “burro”, “ignorante” e “canalha”, sem, no entanto, mencionar o nome de Bolsonaro. Na petição entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), Bebianno argumentou que, embora Wyllys não tenha citado ono medeBol sonar o, ele deixouc la roques e referia ao colega de plenário ao mencionar seu antigo partido, o PP, e por dizer que pessoas o chamavam de “mito”. Também no STF, Bebianno advogou em outros três processos, já arquivados. Todos eles são recursos do PT contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de barrar a participação do ex-presidente Lula na eleição de 2018. Como Bolsonaro foi um dos autores de ações que contestaram a candidatura, Bebianno aparece nos processos. Ele ainda assinou documentos apresentados pela campanha no TSE.

A crise que culminou com a saída de Bebianno do governo se deu após o então ministro afirmar ao GLOBO que havia falado três vezes com Bolsonaro. A declaração fora feita para negar que ele vivia um desgaste no Planalto por conta das denúncias envolvendo candidaturas laranjas no PSL . O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, desmentiu Bebianno nas redes sociais. Bolsonaro replicou a publicação.