Título: Impasse nas negociações
Autor: D'Angelo, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 26/08/2012, Economia, p. 15

O esforço do governo de fechar acordo com os servidores, ainda neste fim de semana, esbarrou ontem na recusa das lideranças sindicais em aceitar a proposta do governo. O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, reuniu-se com representantes de dezenas de categorias de servidores. Nenhuma aceitou a proposta apresentada em 16 de agosto pelo governo: 5% de reajuste ao ano entre 2013 e 2015, o que significa 15,8% acumulados.

As reuniões de ontem começaram às 11h e até às 20h ainda não haviam terminado. Hoje, serão retomadas às 13h. É o último dia do prazo que o governo deu para que os servidores aceitem a proposta. Até a próxima sexta-feira, 31 de agosto, o governo precisa enviar ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) já com a proposta de aumento aos servidores. O Palácio do Planalto ameaça enviar a proposta com zero de aumento para as categorias que não concordarem com o reajuste de 15,8% em três anos.

A União das Carreiras de Estado (UCE), uma das entidades que se reuniu ontem com Mendonça, quer reajuste de 6% em 2013, 8% em 2014 e de10% 2015, o que daria um total acumulado de 25,9%, no período. A entidade continua reivindicando reestruturação da carreira. A proposta da UCE uniu outras categorias que representam a elite do funcionalismo, chamada de "sangue azul" pela presidente Dilma Rousseff.

O coordenador da UCE e presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindfisco), Pedro Delarue, está otimista. Ele espera uma resposta positiva do governo no início da semana. "Esse percentual (25,9%) já atende as expectativas e a greve poderá ser suspensa", disse.

O secretário Mendonça nega, porém, que a proposta de 25,9% esteja em consideração. Em entrevista a jornalistas ontem, ele disse que quem não aceitar os 15,8% nada terá. Segundo o secretário, foi combinado com algumas categorias que a concordância delas seja comunicada até amanhã ou, no máximo, 7h de terça.

O governo também negocia com servidores do Legislativo e do Judiciário a concessão dos mesmos 15,8% concedidos ao Executivo civil. Mas as conversas têm sido sigilosas — representantes dessas categorias entram e saem do Ministério do Planejamento sem passar pela portaria.