Valor econômico, v. 19, n. 4517, 05/06/2018. Valor, p. A13

 

Poluição global por plásticos custa US$ 13 bi, diz ONU

Daniela Chiaretti

05/06/2018

 

 

O custo global estimado da poluição por plásticos ao ecossistema marinho é de US$ 13 bilhões ao ano. Na região do Pacífico asiático, o lixo causa impacto no turismo, na pesca e na indústria marítima e é avaliado em US$ 1,3 bilhão ao ano. A limpeza das praias europeias custa aproximadamente US$ 630 milhões anuais. A boa notícia deste desastre ambiental crônico é que o número de países agindo para enfrentar o desafio é cada vez maior. É o que mostra um relatório desenvolvido por especialistas da ONU Meio Ambiente (conhecida pela sigla inglesa Unep) em conjunto com o governo da Índia. A análise traz as iniciativas que estão sendo feitas por governos de mais de 60 países. Os casos citados em "Plásticos descartáveis: um caminho para a sustentabilidade" vão desde o exemplo da China, que baniu talheres, pratos e copos descartáveis à experiência colombiana, que em 2017 adotou um imposto sobre sacolas plásticas, o que reduziu o consumo em 35%. "Plástico é um material de grande conveniência para as nossas vidas", diz Erik Solheim, diretorexecutivo da ONU Meio Ambiente, na abertura do relatório que será lançado hoje, na Índia. "Mas foi esta conveniência que contribuiu para a crise que o mundo enfrenta hoje", continua o norueguês. "A poluição dos plásticos é como a mudança do clima. Quando sai do controle fica difícil freá-la", compara. Um outro relatório da agência ambiental, que promove forte campanha pelo fim do uso desenfreado de plásticos descartáveis e microplásticos, diz que apenas 9% das nove bilhões de toneladas de plástico já produzidas foram recicladas.  O estudo "O Estado dos Plásticos", também lançado hoje, indica que as embalagens representam a metade do lixo plástico global. Estima-se que 13 milhões de toneladas de plástico vão parar no mar todos os anos. Só um pequeno percentual tem por destino aterros adequados. Os estudos da ONU Meio Ambiente acenam como empresas, governos e consumidores podem ajudar a sair da crise. No Canadá, assim como em muitos outros países, as pessoas reutilizam as sacolas plásticas que carregam frutas e vegetais do supermercado como sacos de lixo, ou para os dejetos dos animais domésticos. Há pelo menos 140 regulamentações e políticas públicas que miram o fim do uso dos descartáveis ou a cobrança de taxas analisadas nos trabalhos da ONU. O problema é que na metade dos casos não há informação sobre o impacto das medidas.  Falta monitoramento, mas também boa parte das iniciativas são muito recentes. O estudo sugere um passo a passo para que políticas públicas possam ser eficientes. O primeiro passo é avaliar a dimensão do problema localmente e analisar o potencial de regulação e de estímulo a ações voluntárias. Depois de estudar os impactos sociais, ambientais e econômicos das medidas, é preciso engajar os atores. Em alguns casos é preciso incentivar economicamente indústrias a buscarem opções. Reciclagem e campanhas educacionais são fundamentais. "Plástico não é o problema", diz Solheim. "A questão é o que fazemos com ele".