Valor econômico, v.19 , n.4516, 02/06/2018. Brasil, p. A6

 

Governo não prorroga ação do Exército nas rodovias

Marcelo Ribeiro 

Rafael Bitencourt 

Carla Araújo 

02/06/2018

 

 

O governo federal não prorrogará o decreto que convocou as Forças Armadas para a liberação de rodovias que foram bloqueadas durante a greve dos caminhoneiros. A decisão foi informada ontem pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, após reunião do grupo de monitoramento da retomada do abastecimento.

O decreto de Garantia de Lei e Ordem (GLO) foi editado, em 25 de maio, para desobstruir as estradas e enfrentar a crise de abastecimento. Sua validade acaba hoje. "Não há nenhum elemento que sugira a prorrogação da GLO. A decisão é encerrá-la amanhã", garantiu Etchegoyen.

O governo não pretende, porem, desmobilizar o comitê anticrise. Haverá reuniões "até que todos os aspectos da questão estejam sanados e resolvidos" e "os compromissos sejam cumpridos".

Sobre os rumores de que foi convocada nova greve geral nesta segunda-feira, o ministro do GSI disse que o governo está monitorando a situação sem fazer alarde. "Obviamente, há que ser acompanhado. O governo não lida com boatos, mentiras, inverdades e imprecisões. Há um movimento na mídia e um acompanhamento nosso".

O ministro do GSI afirmou que o país está voltando à normalidade, quadro que "não tende a ser modificado". A garantia de retomada à normalidade da oferta de combustíveis para população é acompanhada por técnicos do Ministério de Minas e Energia com o apoio de distribuidores e revendedores.

O fim da paralisação e a demissão de Pedro Parente foram temas lembrados durante jantar árabe oferecido pelo presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu no sábado à noite. Os pré-candidatos à presidência, Henrique Meirelles, do MDB, e Rodrigo Maia, do DEM, eram alguns dos presentes.

O ministério das Minas e Energia, horas depois ao anúncio da saída de Pedro Parente do comando da Petrobras, confirmou que abrirá o debate sobre a política de preço dos combustíveis. A posição foi informada para reduzir os rumores de que a demissão havia sido provocada por críticas do ministro Moreira Franco e pressões para modificar a fórmula de cálculo dos preços. Moreira não apareceu na linha de frente do governo para dar satisfação sobre a crise iniciada com o movimento contra o reajuste diário do diesel. Mas passou a defender uma nova "política de amortecimento dos preços dos combustíveis ao consumidor".

Sem mencionar a demissão de Parente, a nota buscou esclarecer que "a Petrobras teve e tem total autonomia para definir sua própria política de preços" e que o debate servirá para criar um mecanismo para proteger o consumidor da volatilidade dos preços dos combustíveis nas bombas, contendo um "colchão" para amortecer impactos do câmbio e do preço internacional do barril.

Ainda na sexta-feira, Márcio Félix, o secretário-executivo do ministério, defendeu maior racionalidade para o sistema de preços de combustíveis com a adoção de uma alíquota "flutuante" para os tributos. A ideia é permitir que as alíquotas de impostos, federais e estaduais, diminuam quando os preços da gasolina e do diesel nas refinarias estiverem elevados. (Colaborou Fabio Murakawa)