Título: CPI apura depósitos de Agnelo para João Dias
Autor: Mascaranhas , Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 24/08/2012, Política, p. 6

A quebra do sigilo bancário de Agnelo Queiroz (PT) na CPI do Cachoeira apontou três depósitos de cheques no valor de R$ 2,5 mil do hoje governador do Distrito Federal na conta do policial militar João Dias, que responde na Justiça por supostos desvios de recursos do programa Segundo Tempo e contribuiu para a queda de Orlando Silva (PCdoB) do Ministério do Esporte.

Os depósitos foram realizados em 1º de fevereiro, 4 e 31 de março de 2008, quando Agnelo era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A primeira operação em benefício de João Dias ocorreu uma semana depois que Agnelo recebeu, em 25 de janeiro, em sua conta, uma transferência bancária de R$ 5 mil do lobista Daniel Almeida Tavares, que trabalhou numa empresa de medicamentos. Daniel e João Dias eram militantes do PCdoB e já foram amigos. Em dezembro, o policial invadiu o Palácio do Buriti e jogou R$ 200 mil no gabinete da Secretaria de Governo, alegando devolução do dinheiro a Paulo Tadeu, então titular da pasta.

Transação lícita Agnelo alega que o dinheiro recebido de Daniel corresponde à devolução de um empréstimo que fez ao lobista. Sobre os depósitos para João Dias, o porta-voz do governo, Ugo Braga, afirma que se referem à compra de um veículo Honda Civic modelo 2006/2007, que Agnelo comprou de João Dias. O carro seria pago em 10 vezes. Depois de três pagamentos, Agnelo desistiu operação e Dias devolveu o dinheiro — R$ 7,5 mil — em espécie, segundo relato do porta-voz.

Segundo Ugo Braga, as operações foram totalmente legais, passaram pelo sistema bancário com identificação e cheque nominal a João Dias. "Se houvesse alguma transação ilícita, o governador jamais usaria a própria conta bancária. Não faz o menor sentido", afirmou. Ele acrescentou ainda que foi o próprio governador quem se dispôs a abrir o sigilo bancário quando esteve na CPI em junho.