O globo, n. 31290, 08/04/2019. País, p. 5

 

Bolsonaro tem a pior avaliação do início de gestão

08/04/2019

 

 

 Recorte capturado

Segundo Datafolha, 30% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo, enquanto 32% avaliam como ótimo ou bom. ‘Eu acho que não é tanta notícia ruim quanto têm publicado’, disse presidente após resultado

Pesquisa do Datafolha mostra que 30% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo, e 32%, ótimo ou bom. É a pior avaliação de início de mandato desde Collor. Ao comentar seus primeiros 100 dias, Bolsonaro disse não haver “tanta notícia ruim”. Prestes a completar cem dias na Presidência, Jair Bolsonaro (PSL) tem a pior avaliação após três meses de governo, desde a redemocratização, entre os presidentes eleitos para um primeiro mandato, de acordo com levantamento do Datafolha divulgado ontem pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

Segundo o instituto, 30% dos brasileiros consideram o atual governo ruim ou péssimo, total semelhante ao dos que consideram ótimo ou bom (32%) ou regular (33%). Não souberam opinar 4% dos entrevistados.

Apesar disso, segundo o Datafolha, 59% acreditam que Bolsonaro fará uma gestão ótima ou boa. O instituto ouviu 2.086 pessoas com mais de 16 anos em 130 municípios nos dias 2 e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Ao fim dos primeiros três meses do governo, em 1990, Fernando Collor era reprovado por 19%, enquanto 36% avaliavam como ótima ou boa sua gestão. Em 1995, Fernando Henrique Cardoso somava 16% de índices ruim ou péssimo e 39% de avaliação positiva. Já os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff tinham avaliação negativa de 10% e 7%, respectivamente, e de 43% e 47% de índices ótimo e bom. A comparação com a série histórica não considera os primeiros trimestres de presidentes reeleitos.

À tarde, Bolsonaro publicou em suas redes sociais um vídeo para, segundo ele, demonstrar “um pouco de como o povo” o trata. Editada e com um trilha sonora orquestrada, a gravação exibe Bolsonaro abraçando crianças e sendo cumprimentado por apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, na manhã de ontem.

Enquanto posava para foto carregando um garoto, o presidente pediu que ele sorrisse. Em seguida, agradeceu pela atenção, enquanto era filmado por equipes de reportagem.

O presidente escreveu a postagem em resposta à suposta afirmação do Datafolha de que Lula e Dilma seriam mais inteligentes que ele. Na verdade, a pesquisa retrata a sensação dos entrevistados.

"Não vou perder tempo"

Para 58%, Bolsonaro é muito inteligente, contra 39%, que o consideram pouco inteligente. No início das gestões de Lula e Dilma, o percentual dos que avaliavam os presidentes como muito inteligentes eram maiores, respectivamente, 69% e 85%.

Ao ser questionado sobre o resultado da pesquisa, Bolsonaro também comentou sobre este item. E agradeceu ao instituto, dando risada.

— Não vou perder tempo comentando pesquisa Datafolha, que disse que eu ia perder pra todo mundo no segundo turno,— disse. — Datafolha? Datafolha? Sem comentários — respondeu, depois de ser indagado se a pesquisa é mentirosa.

Mais tarde, ao deixar uma casa, na região do Lago Sul em Brasília, onde um amigo de escola militar o recebeu para um churrasco, Bolsonaro afirmou que, ao completar 100 dias de governo, na próxima quarta-feira, “cada ministro vai falar da sua pasta e da sua área”. “Vocês estão acompanhando, vocês são da imprensa. Eu acho que não é tanta notícia ruim quanto vocês têm publicado”, disse Bolsonaro, de acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”.

Ainda de acordo com o Datafolha, para 61% dos entrevistados, Bolsonaro fez menos do ques e esperava na Presidência até agora. Já 13% consideram que ele fez mais, enquanto 22% avaliam que ele fez o que era esperado. Bolsonaro apresenta índice menor que os primeiros mandatos de Lula e de Dilma, que tiveram o mesmo tipo de mensuração pelo Datafolha. Em 2003, Lula fez menos do que poderia para 45%, e, em 2011, Dilma Rousseff somou 39%.