Título: Menos sal no prato
Autor: Leite, Larissa ; Castro, Grasielle
Fonte: Correio Braziliense, 29/08/2012, Brasil, p. 9

Acordo do ministério prevê a redução do sódio em alimentos industrializados, porém medida ainda deixa o brasileiro longe da meta recomendada pela OMS

Finalmente, o Ministério da Saúde resolveu agir para enfrentar um problema gravíssimo na mesa do brasileiro: a quantidade de sal consumida. O governo fechou um acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia) para reduzir o teor de sódio em alimentos processados. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população consome em média 12 gramas diárias, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta o uso de apenas cinco gramas.

Segundo o acordo, a indústria fará uma redução de sódio escalonada em temperos, caldos, cereais matinais e margarinas vegetais, em 2013 e 2015. A expectativa do ministério é de que, até 2020, cerca de 25 mil toneladas de sódio sejam retiradas das prateleiras. No entanto, o próprio ministro, Alexandre Padilha, admitiu que a ação proposta não é suficiente para alcançar o consumo ideal. "Nosso grande esforço é chegar à média da OMS. É lógico que isso não tem relação só com os produtos industrializados." Padilha também citou outras soluções, como o Programa Saúde na Escola, que conta com ações de prevenção e atenção à saúde.

A nutricionista e presidente da Associação de Nutrição do Distrito Federal, Simone Rocha, afirma que as políticas de orientação à população devem ser mais incisivas para o governo obter resultados de fato. "O sódio está presente em muitos produtos. Se o governo simplesmente tira o sódio do alimento produzido pela indústria, a pessoa pega o saleiro em casa e adiciona mais sal na preparação do alimento", afirma. Para Simone, o paladar do brasileiro está acostumado ao sal e é preciso incentivar uma reeducação alimentar em ambientes como escolas, hospitais, presídios etc.

Uma das mais graves consequências é a incidência de doenças relacionadas ao sódio, como a hipertensão arterial — segundo o Ministério da Saúde, ela atinge 22,7% da população adulta brasileira. Caso as pessoas atinjam o consumo recomendado pela OMS, as mortes por infarto podem diminuir em 10% e os acidentes vasculares cerebrais, em 15%. Estima-se que, com a redução, 1,5 milhão de brasileiros não precisariam de medicamentos para hipertensão.