Título: PF recusa reajuste de 15,8%
Autor: Batista, Vera ; Oliveira, Priscilla
Fonte: Correio Braziliense, 29/08/2012, Economia, p. 10

Em mais um dia de protestos em Brasília, agentes cobram do Palácio do Planalto um plano de reestruturação ampla da carreira

Policiais federais decidiram manter a greve após rejeitarem durante, assembleia realizada ontem, a proposta do Palácio do Planalto de reajuste salarial de 15,8% em três anos. De acordo com a Federação Nacional dos Policias Federais (FenaPef), a oferta do governo não recompõe as perdas inflacionárias dos seis últimos anos, que atingem 30%, nem atende as reivindicações da carreira. Os sindicados regionais vão se reunir hoje para definir quais serão os rumos do movimento, que teve adesão de agentes, escrivães e papiloscopistas de todo o país.

Insatisfeitos por não terem suas reivindicações atendidas, sobretudo no que se refere à reestruturação das carreiras, os policiais saíram às ruas em Brasília e em Belo Horizonte para protestar. Na capital do país, fizeram uma passeata do Setor Policial Sul ao Ministério da Justiça, onde acamparam e, depois de horas de espera, foram recebidos pelo ministro José Eduardo Cardozo. No encontro, os representantes sindicais enfatizaram seus pleitos e pediram apoio. O ministro sugeriu, porém, que os 15,8% de aumento fossem aceitos. Mas os grevistas disseram que só aprovarão o reajuste se houver a reestruturação da carreira, que, segundo eles, está defasada há sete anos.

"Podemos até ficar sem reajuste salarial no ano que vem se o governo assumir o compromisso de reestruturação da carreira urgentemente", ressaltou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sindipol-DF), Jones Leal. Segundo ele, o objetivo maior de cada manifestação é conscientizar a sociedade de que a categoria não exige uma proposta diferenciada. "Não queremos ser melhores que os demais servidores, que também aderiram à greve. Mas esperamos que o governo nos trate com respeito e que valorize o nosso trabalho", disse.

Transtornos O sindicalista admitiu que os policiais federais podem ser uma das poucas carreiras a não fecharem acordo com o governo. "Portanto, a greve continua", enfatizou Leal. O movimento grevista da PF já causou muitos transtornos à população, irritando o Palácio do Planalto. Assessores da presidente Dilma Rousseff dizem que é grande o estranhamento em relação ao comportamento de servidores que sempre serviram de exemplo para todo o funcionalismo público.

Em vários dias, os policiais federais provocaram caos nos principais aeroportos do país por meio de operações-padrão, conferindo bagagem por bagagem dos passageiros. Também suspenderam a emissão de passaportes e tumultuaram portos e postos de fronteiras do país. Esses problemas só diminuíram depois que o governo recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e conseguiu uma liminar proibindo o movimento e impondo multa diária de R$ 200 mil se os transtornos continuassem.