Valor econômico, v.19 , n.4506, 18/05/2018. Brasil, p. A5

 

País tem 5 vezes mais homicídios que m´dia global, diz OMS

Assis Moreira

18/05/2019

 

 

O Brasil é um dos países mais violentos do mundo, com a taxa de vítimas de homicídios intencionais sendo 489% maior que a média global, conforme estatísticas da saúde global publicadas hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A taxa de homicídios no país é de 31,3 pessoas por 100 mil habitantes, ante a média global de 6,4 pessoas. Para se ter uma ideia da situação brasileira, na Líbia a taxa de mortes diretas por conflitos é de 28,7, no Afeganistão de 37,3 e no Iraque de 86,3 pessoas.

A América Latina é a região mais violenta do mundo, com sete dos nove países com mais crimes. O Brasil globalmente só fica atrás de oito países, incluindo Honduras (55,5 por 100 mil), o campeão mundial, Venezuela (49,2), El Salvador (46), Colômbia (43), Trinidad e Tobago (42,2), Jamaica (39), Lesoto (35), Africa do Sul (33,1). Na vizinha Argentina, a taxa é de 6,2 e nos EUA, de 6,5.

Também o número de mortes por acidentes nas estradas é elevado no Brasil, de 23,4 vítimas por 100 mil habitantes, comparado à média global de 17,4 pessoas e nas Américas de 15,9. Nas Américas, a taxa de mortes de trânsito no Brasil só fica atrás de Belize, República Dominicana e Venezuela.

A proporção da população no Brasil usando serviços sanitários seguros para lavagem de mão com sabão e água é de 39%, que é a média mundial. Em comparação, a taxa é de 85% no Chile, 64% no Uruguai, 45% no México e 42% no Equador.

A parte da população brasileira que gasta mais de 10% da renda com saúde é de 25,6%, mais do dobro da média das Américas de 11,1% e global de 11,7%. Os que gastam mais de 25% da renda chegam a 3,5% (a taxa global é de 2,6%).

A taxa de suicídio no Brasil é de 6,5 por 100 mil habitantes, abaixo da média global de 10,6 e das Américas de 9,8 pessoas. O consumo de álcool por quem tem mais de 15 anos no Brasil é de 7,8 litros na média por ano, ligeiramente acima da média global de 6,4 litros mas abaixo dos 8 litros nas Américas.

Doenças como tuberculose e malária têm taxas bem menores no Brasil que na média mundial. A possibilidade no Brasil de uma pessoa morrer de doença cardiovascular, câncer ou diabetes é estimada em 16,6%, mais que os 15,1% nas Américas, mas menos que a média mundial de 18,3%.

Globalmente, a OMS constata que menos da metade da população tem todos os serviços de saúde de que necessitam. Cerca de 13 milhões de pessoas morrem a cada dia antes dos 70 anos por causa de doenças cardiovascular, problemas respiratórios, diabetes e câncer, a maioria nos países de renda média e baixa. Diariamente, em 2016, cerca de 15 mil crianças morriam antes de alcançar os cinco anos de idade.