Correio braziliense, n. 20368, 25/02/2019. Economia, p. 7

 

Rede privada de hospitais cresce em Brasília

Ingrid Soares

Beatriz Roscoe

25/02/2019

 

 

 

 

 Recorte capturado

 

 

Investimentos » Empreendimentos de instituições que chegam ao Distrito Federal rivalizam na sofisticação de serviços e de tecnologia, com novas unidades de centros édicos já instalados. Cidade deve se tornar polo internacional

 

Hospitais particulares investem cada vez mais no centro do poder. Com tecnologia de ponta, ao menos seis novas instituições pretendem abrir as portas até o fim do ano, com investimentos de R$ 1,46 bilhão e a criação de novos empregos.

O médico Paulo Hoff trabalhou por onze anos à frente da área de oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Com luvas de R$ 50 milhões (bônus inicial pago também no mundo do futebol), ele chefiará o quadro do novo hospital com serviço premium de hotel seis estrelas da Rede D’Or. O DF Star será inaugurado em 29 de abril, na 915 Sul. A rede investiu R$ 500 milhões em Brasília.

Ao todo, são 112 leitos com 30 de UTI. O destaque é para o tratamento de câncer, sendo o principal centro de excelência da radioterapia da América Latina. Haverá duas unidades Elekta Versa, equipamento top de linha em radioterapia e uma Gamma Knife, equipamento capaz de direcionar uma alta concentração de radiação a áreas restritas, com menor risco de lesionar as saudáveis durante o tratamento. As três máquinas custaram R$ 20 milhões.

Cada suíte estará equipada com um tablet para controlar a luminosidade do quarto e realizar chamadas de vídeo direto com a enfermagem. Também pode ser acessada pelo médico assistente para visualizar exames diretamente do quarto do paciente. A decoração do prédio conta com obras de arte de Burle Marx e chefs de renome assinam a gastronomia.

De acordo com o diretor-geral do hospital, Rodrigo Abreu e Lima, a unidade gerou mais de 800 empregos e atenderá cerca de 600 a 700 pacientes por dia na emergência. “Brasília pode ser um polo de saúde nacional e internacional”, ressalta o diretor.

Com investimentos de R$ 260 milhões, o Hospital Sírio-Libanês abriu as portas na última semana na 613 Sul, em um empreendimento com 30 mil m² de área construída, 144 leitos, 30 UTIs, seis salas de cirurgia com tecnologia de ponta e, robôs cirúrgicos, avaliados em 2 milhões de dólares. A unidade é a primeira completa fora do estado de São Paulo, e prestará atendimentos na área de oncologia, cardiologia, ortopedia, neurologia e emergência. O centro cirúrgico recebeu cerca de R$ 25 milhões, em uma média de R$ 4 milhões por sala de cirurgia. O foco principal é  tratamento de câncer.

O hospital contará com 450 empregos formais, além de 130 profissionais terceirizados. O número pode chegar a 800 em 2022. Os equipamentos são os mais inovadores do mercado. Para o médico Gustavo Fernandes, diretor-geral do Sírio Libanês, a qualidade dos equipamentos é fundamental, e garante aos médicos as melhores ferramentas de trabalho. No entanto, não é o que mais importa: “A infraestrutura com certeza é muito importante. Mas equipamentos de alto nível com médicos ruins não são nada. Temos a oportunidade de contar com médicos incríveis, com as melhores certificações, e isso é o mais importante”, afirma.

“O Centro-Oeste é um mercado que está em ascensão, tanto Brasília quanto cidades vizinhas, como Goiânia e Anápolis. A gente enxergou essa demanda, e entendeu que era o lugar certo para fazer esse investimento”, relata Fábio Patrus, diretor de Unidades Externas do Sírio-Libanês.

Outra instituição recém-inaugurada no Plano Piloto é o Hospital Albert Sabin, na 608 Norte, primeiro hospital da L2 Norte. Funciona 24 horas por dia e contou com um investimento de cerca de R$ 80 milhões. Com uma área de 6.800m², tem a pediatria como destaque, além de pronto-socorro, um centro de diagnóstico por imagem com laboratório de exames, análises clínicas, centro nefrológico com tecnologia de última geração e clínica de referência em tratamento de queimaduras e feridas, chancelada pelos irmãos Piccolo, que são referência nacional em queimaduras. O hospital, que possui unidade em Taguatinga, conta ainda com 67 leitos, incluindo UTIs e internação. Serão mais de 20 especialidades disponíveis entre clínica médica, ortopedia e cirurgia geral, tendo gerado 630 empregos diretos e mais de 700, indiretos.

Para o superintendente do Hospital Albert Sabin, Celso Mello, com a vinda do hospital, a sociedade brasiliense ganhará acesso à saúde de qualidade. Ele explica que o Distrito Federal vem crescendo em termos populacionais a passos largos, daí a necessidade do hospital privado. “A sociedade de Brasília vai ganhar um polo de saúde de respeito, de pujança e vai fazer com que a população tenha acesso a uma saúde de qualidade e um número que sirva para que não fique mais em filas de pronto-socorro esperando horas e horas para serem atendidos. Vai trazer bons médicos para atender uma população que tanto precisa. Na medicina privada, Brasília estará bem focada nos grandes movimentos do país em termos de aparato tecnológico médico. Isso, para Brasília, será um grande diferencial”.

Benefício público

O secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, reforçou que Brasília possui grande número de segurados de planos de saúde. Abrigando embaixadas e com a vinda de políticos de outros estados, a capital da República tornou-se centro de visibilidade para hospitais já renomados. Okumoto avalia ainda futuras parcerias desses centros com a rede pública. “Esses hospitais particulares poderão ser suplementares ao serviço público. Havendo a necessidade de contratação desses serviços, logicamente faremos isso para atender essa população. Essa visibilidade é boa, pois também traz bons profissionais para Brasília e, dessa forma, melhora-se a capacidade de atendimento profissional no DF.”

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Águas Claras e Samambai terão unidades de grande porte

25/02/2019

 

 

O Hospital Brasília chega a Águas Claras. O novo polo de saúde contará com 265 leitos, pronto-socorro, centro cirúrgico e de diagnósticos equipados com o que há de mais moderno, e com protocolos internacionalmente reconhecidos. O hospital vai gerar mais de 3 mil empregos diretos e indiretos e teve investimento de R$ 300 milhões.

A edificação, que está na segunda etapa de construção, tem mais de 35 mil m² e abrigará um centro médico com 120 salas e pronto-socorro com capacidade para atender a mais de 20 mil pacientes por mês. Para a diretora-geral do Hospital Brasília, Regina Duarte, Águas Claras precisava de um grande hospital: “O fato de mais de 140 mil habitantes precisarem sair da região para ter atendimento hospitalar nos chamou atenção. Águas Claras é uma cidade que vem crescendo e necessita de um hospital de grande porte e de excelência para acompanhar esse crescimento”.

Samambaia também ganhará um centro médico até o fim de 2019, a primeira etapa da quarta unidade do Grupo Santa: Hospital Santa Lúcia Samambaia. Trata-se do primeiro hospital particular de grande porte na cidade com 200 leitos, sendo 50 de UTIs. O hospital recebeu um investimento de aproximadamente 300 milhões de reais, e com geração de cerca de 2 mil empregos diretos.

“Samambaia é uma cidade que vem se desenvolvendo economicamente e que faz parte de um conglomerado de outras regiões do DF com uma alta relevância populacional, como Taguatinga, Recanto das Emas, Riacho Fundo e Ceilândia, e que agora terão próximo de si um hospital de alto nível”, explica o diretor de Operações do Grupo Santa, Gustavo Fiuza.

O Centro Brasiliense de Nefrologia & Diálise (CBN&D) também abrirá a Unidade Prime em Taguatinga. O investimento é de 18 milhões. É a terceira sede do grupo. Com 40 estações de diálise e geração de 50 empregos, a previsão é para o primeiro semestre de 2020.

Segundo o nefrologista diretor do Centro, Istênio José Fernandes Pascoal, Brasília vive um grande momento e possui características como a localização geográfica e a proximidade do aeroporto, que atraem os investidores. Além disso, a cidade tem a maior renda per capita do país, com a maior amplitude de cobertura de pacientes filiados a planos de saúde.

“Temos a mais avançada clínica de diálise do Brasil, reconhecida internacional e nacionalmente. Somos pioneiros em várias modalidades, a principal em hemodiálise diária. Também somos pioneiros na não reutilização de filtros dialisadores. Temos a maior taxa de sobrevida em diálise do  rasil e a maior taxa de transplantes”, afirma.

Juntas, as seis unidades criarão cerca de 7.771 empregos diretos e indiretos e a ampliação de ao menos 788 leitos. Para o vice-presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Ary Ribeiro, a vinda de hospitais particulares para a capital da República ocorre por dois motivos: mercado e estratégia de expansão. “Se considerar o número de beneficiários com plano de saúde em Brasília, foi de 5,8% o crescimento de 2017 para 2018. Foi maior em comparação com o país como um todo. Os brasilienses têm poder aquisitivo maior”, comenta. (IS e BR)