Valor econômico, v.19, n.4543, 11/072018. Brasil, p. A2

 

Brasil sobe 5 posições e fica em 64º em raking de inovação com 126 países

Assis Moreira 

11/07/2018

 

 

O Brasil ganhou cinco posições e fica a partir de agora em 64º lugar entre 126 países no "Índice Global de Inovação 2018", que procura estabelecer a vantagem concorrencial das nações, economias e empresas.

Elaborado anualmente pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), Cornell University (EUA), Insead (França) e GH Knowledge Partners, o índice classifica as economias com base em 80 indicadores, que vão desde o número de pedidos de registro de patentes até a criação de aplicativos para aparelhos portáteis, gastos com educação e publicações científicas e técnicas.

O resultado do Brasil no Índice Global de Inovação contrasta com o recente Índice Global de Competitividade Digital, elaborado pelo IMD, escola de administração de Lausanne, Suíça. No ranking, o país caiu duas posições e ficou em 57º lugar entre 63 nações pesquisadas.

Mas Francis Gurry, diretor-geral da OMPI, vê melhoras no Brasil. "Em inovação, o Brasil não brilha tanto quanto no futebol, mas o que revela o índice é que o país está melhorando", afirma. O país aparece na 15ª posição entre 34 países de renda média alta e na 61ª posição entre 18 países de América Latina e Caribe.

Gurry destaca a subida de cinco posições pelo país desde 2017 e avanço no que chama de produções criativas para o processo de inovação, no número de trabalhadores altamente especializados e em melhores resultados em pesquisas universitária e industrial.

Os pontos fortes do Brasil, comparativamente no mundo da inovação, incluem as despesas com pesquisa e desenvolvimento, a qualidade de instituições como Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de sofisticação empresarial (financiamento a pesquisa, pagamento de direitos de propriedade intelectual, importação de alta tecnologia), sofisticação do mercado (escala do mercado, competição) e conhecimento e tecnologia (qualidade de publicações científicas e exportação de alta tecnologia).

Entre os pontos fracos, o relatório aponta as instituições (ambiente para negócios, dificuldade para iniciar um negócio), capital humano (fraco nos resultados do Pisa, número de formados em ciência e engenharia), infraestrutura.

As dez economias consideradas mais inovadoras são Suíça, Holanda, Suécia, Reino Unido, Cingapura, Estados Unidos, Finlândia, Dinamarca, Alemanha e Irlanda. A novidade deste ano é a entrada da China entre os 20 países mais inovadores do mundo, subindo cinco posições, para ocupar a 17ª colocação, enquanto os EUA caem do quarto para o sexto lugar.

"A rápida ascensão da China reflete uma direção estratégica definida pela liderança do país para desenvolver a capacidade de nível mundial em inovação e para orientar a base estrutural da economia para setores mais intensivos em conhecimento que dependem da novação para manterem sua vantagem competitiva", diz Gurry. Para ele, o avanço chinês "anuncia a chegada da inovação multipolar."

Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã continuam a subir nas classificações, aproximando-se de potências regionais como China, Japão, Cingapura e Coreia do Sul. Outros casos considerados interessantes são Índia, Irã, México, Tailândia e Vietnã, que sobem constantemente.

O tema do relatório deste ano é "Energizando o mundo com inovação", com foco na necessidade de ampliação do trabalho inovador em tecnologias verdes para atender às crescentes demandas energéticas mundiais.

As projeções indicam que, até 2040, o mundo precisará de até 30% mais energia do que hoje e que as abordagens convencionais para a expansão do fornecimento são insustentáveis frente à mudança climática.