Título: Objetivo frustrado
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 31/08/2012, Economia, p. 12
A crise global e a falta de confiança dos empresários na retomada dos negócios vai frustrar a meta do governo de elevar para 24% do Produto Interno Bruto (PIB), até 2014, a taxa de investimentos da economia. Segundo admitiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o objetivo deverá ficar para 2015 ou 2016. "Vamos continuar perseguindo um patamar mais elevado. Estamos aumentando os gastos, mas dependemos da reação do setor privado", disse ele.
O ministro listou as medidas que vem sendo tomadas para estimular o nível de atividade, como os pacotes de concessões na área de infraestrutura e a redução das taxas de financiamento para a compra de bens de capital. Ele destacou ainda a política de redução de juros como uma das principais medidas destinadas a elevar a confiança dos investidores. "Vamos ter uma retomada mais rápida dos investimentos e isso vai ocorrer antes dos outros países", afirmou.
Ele destacou, no entanto, que essa recuperação não será tão rápida quanto o governo gostaria. "Acho que alcançar a taxa de 24% em 2014 é um grande desafio e teremos que postergar esse objetivo para 2015 ou 2016", disse. "Fizemos uma revisão dos investimentos para uma meta mais realista", emendou. No primeiro trimestre, o indicador ficou em 18,7%.
Em relação ao câmbio, Mantega reconheceu que ainda será necessário que o Banco Central continue intervindo para que o dólar não se desvalorize. "Estamos atentos para não diminuir a competitividade do real. A guerra cambial não terminou", disse.
Prioridades
A proposta do Orçamento entregue ontem ao Congresso prevê que os investimentos do governo com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida vão crescer 22,8%, para R$ 52,2 bilhões. Os gastos com o programa Brasil sem Miséria devem aumentar 16,3%, alcançando R$ 29,9 bilhões. Entre as prioridades , estão ainda as aplicações em Saúde e Educação, que devem subir, respectivamente, 10,7% e 14,4%, para R$ 79,331 bilhões e R$ 38,093 bilhões.
Os investimentos estão alicerçados nas estatais. Elas respondem por R$ 110,6 bilhões dos R$ 186,6 bilhões previstos. A maior parte, R$ 89,3 bilhões, será de responsabilidade da Petrobras.