Título: Renúncia de R$ 15,2 bi
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 31/08/2012, Economia, p. 12
O governo está disposto a incrementar ao máximo o consumo e a produção em 2013, para que a economia não decepcione e o Produto Interno Bruto (PIB) cresça bem mais do que a média de 2% dos dois primeiros anos da administração Dilma Rousseff. Para isso, estão previstos mais R$ 15,2 bilhões em desonerações de impostos. Os benefícios serão anunciados nas próximas semanas, a começar pelo setor elétrico. O governo quer baratear a conta de luz para as empresas e para as famílias em pelo menos 10%.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo está ciente de que os cortes de tributos, mesmo que temporários, serão vitais para dar fôlego maior à atividade. Anteontem, ele havia anunciado a prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menor de carros, até 31 de outubro, e de eletrodomésticos e móveis, até 31 de dezembro. Desde 2010, o governo já renunciou a mais de R$ 40 bilhões em receitas para tirar a economia do atoleiro e minimizar os estragos provocados pela crise internacional.
"Vamos anunciar R$ 15,2 bilhões em novas desonerações nas próximas semanas", disse Mantega. "Como tínhamos que mandar o Orçamento para o Congresso, deixamos os setores beneficiados indefinidos", acrescentou. Além do setor elétrico, a redução de tributos englobará a folha de pagamentos de setores intensivos de mão de obra. No total, 20 segmento já foram contemplados. "A desoneração ajuda a baratear o investimento", emendou. Para o economista-chefe da Prosper Planner Corretora, Eduardo Velho, o desafio será conciliar as desonerações com o aumento do funcionalismo e a ampliação dos investimentos em infraestrutura. "Por isso, há tantas dúvidas em relação ao cumprimento da meta integral de superavit primário, de 3,1% do PIB.
Torcida
Na avaliação de César Bergo, sócio-consultor da Corretora Openinvest, a recuperação da economia realmente terá de ser consistente no ano que vem, para que o governo possa acumular receitas tributárias maiores e fechar suas contas. Para ele, o reajuste de 15,8%, dividido em três anos, ao funcionalismo público não deveria ter sido concedido, uma vez que a folha de pessoal, de quase R$ 200 bilhões por ano, já é muito alta. "Felizmente, a presidente Dilma Rousseff não cedeu tanto. Os tempos atuais, de grave crise internacional, exigem muita prudência dos administradores públicos", disse.