Título: PIB deve crescer 0,4%
Autor: Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 31/08/2012, Economia, p. 13

Se depender das expectativas do mercado, o governo não terá uma boa notícia hoje, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre em relação aos três primeiros meses de 2012. Com uma previsão de cerca de 0,4% ou 0,5% de crescimento para o país no período, os economistas afastam cada vez mais a possibilidade de que seja alcançada a estimativa do Banco Central, de 2,5% para 2012, de acordo com o último Relatório de Inflação. O Ministério da Fazenda lidava com uma variação melhor, de 3%, mas só estava esperando o resultado de hoje para revê-la para baixo. O índice só não será pior porque os bons níveis de renda e emprego continuam sustentando o apetite do brasileiro pelas compras.

Alta modesta "Estou esperando que o crescimento do PIB venha na faixa de 0,5%, puxado pelo consumo das famílias, que ficará em cerca de 3%. Acredito que o consumo do governo também terá alta, de 1%", previu o chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas. Já os investimentos, segundo ele, terão queda de 2,5%. "É um reflexo da indústria transformadora (manufatureira) fraca, que investiu pouco porque estava estocada", diagnosticou. Freitas calcula que, em 2012, a expansão do PIB será de 1,7%.

A Tendências Consultoria apostou em uma alta do PIB no segundo trimestre ainda mais modesta, de 0,4%, o que implicaria em um crescimento de 1,6% no ano. "A indústria só deve apresentar alguma melhora quando saírem os dados de agosto. No resultado do segundo semestre, devem ter efeito as desonerações tributárias promovidas pelo governo e o processo de queda de juros, que melhorará o cenário do crédito. Mas o primeiro semestre ruim contaminou o ano inteiro", lamentou o economista da Tendências Silvio Campos Neto.

Os bancos Santander e Itaú preveem altas de apenas 0,4% e 0,5%, respectivamente, para o PIB no segundo trimestre. Em relatórios divulgados ontem, as instituições também destacam o peso do consumo das famílias no resultado. Para o primeiro, a expansão será de 0,7% e, para o segundo, de 1%. "As vendas no varejo tiveram no segundo trimestre crescimento próximo ao observado no primeiro trimestre (3% ante 2,9%), estimuladas pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para compra de veículos no fim de maio", ressaltou o Itaú.

Otimismo aumenta

O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) teve alta de 0,4% em agosto, na comparação com o mês anterior. Em relação a julho de 2012, a elevação do indicador divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi de 1,3%. Ao atingir 113,4 em agosto, retomou o patamar de dezembro de 2011. Na pesquisa, destacou-se o desempenho da situação financeira, que melhorou 2,1% em relação a julho último e 1,9% em relação a agosto do ano passado.

Intervenção em empresas de energia

Medida Provisória (MP) publicada ontem no Diário Oficial da União estabelece regras para a extinção e a intervenção federal em concessões de energia elétrica. O texto determina que o governo fique responsável pela prestação temporária do serviço até que novo concessionário seja contratado, impedindo donos de concessão em dificuldades de se resguardarem na Justiça. A MP 577 ampara o Planalto no momento em que negocia casos como o da distribuidora paraense Celpa, com dívidas de R$ 3,4 bilhões e em recuperação judicial. No caso da extinção por perda da concessão, o governo poderá contratar temporariamente funcionários para prestar serviços, até concluir nova licitação. O governo estabeleceu que o prazo da intervenção na concessionária será de um ano, podendo ser prorrogado a critério da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Empresários consideram a decisão positiva, ao preencher lacunas de interpretação e ao dar segurança jurídica ao sistema elétrico.