Correio braziliense, n. 20371, 28/02/2019. Política, p. 4

Representação contra Bolsonaro na PGR

28/02/2019

A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu representação contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, por suspeitas de peculato e improbidade administrativa. Os documentos foram enviados ao órgão pelo procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima. Segundo o procurador, há indícios de que Bolsonaro manteve uma funcionária fantasma em seu gabinete quando era deputado federal.

De acordo com os autos, Nathália Queiroz, ex-assessora de Bolsonaro, registrou presença na Câmara mesmo trabalhando em horário comercial como personal trainer no Rio de Janeiro. De acordo com o procurador, as irregularidades teriam ocorrido entre 2007 e 2016, quando o presidente era deputado federal. O envio dos documentos à PGR foi revelado pelo portal G1 e confirmado pelo Correio junto ao Ministério Público Federal (MPF).

O processo já está à disposição da procuradora Raquel Dodge, mas ainda não foi analisado. Nathália é filha de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do chefe do Executivo. Fabrício é alvo de uma investigação do Ministério Público. Ele foi citado em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em decorrência de movimentações atípicas em uma de suas contas bancárias. Ele movimentou R$ 1,2 milhão — valor incompatível com sua renda — de acordo com o Coaf. O ex-assessor nega ter cometido qualquer irregularidade e afirma que o dinheiro é proveniente de operações de compra e venda de automóveis. Queiroz também repassou um cheque para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O presidente afirmou que se tratava de pagamento de um empréstimo.

Cabe a Raquel Dodge decidir se pede ou não abertura de inquérito contra o presidente, que, enquanto permanecer no cargo, não pode responder penalmente por atos alheios ao mandato. No entanto, investigações podem ser realizadas mesmo neste período. Procurado, o Planalto não comentou o caso. (RS)