Título: Novo item em análise na Corte
Autor: Abreu, Diego ; Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 30/08/2012, Política, p. 4

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, vai votar hoje à tarde pela primeira vez no julgamento do mensalão. Apesar de o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) já ter sido condenado por oito dos 11 ministros pelos crimes de corrupção passiva e peculato, o voto de Ayres Britto será essencial para a definição do futuro do réu. Na acusação de lavagem de dinheiro, há cinco votos em prol da condenação do parlamentar e quatro que o absolvem. O posicionamento do presidente da Corte pode formar a maioria para considerá-lo culpado também por esse delito, que prevê pena de detenção de três a 10 anos. A ministra Rosa Weber optou por não votar sobre as acusações de lavagem de dinheiro e decidiu deixar essa análise para a terceira rodada de votações, ainda sem data prevista.

Com o voto do ministro Ayres Britto, o Supremo vai encerrar a análise do item três, que trata das denúncias de desvio de recursos públicos da Câmara dos Deputados e do Banco do Brasil. O próximo ponto a ser debatido é o item cinco, que detalha as acusações relativas ao crime de gestão fraudulenta de instituições financeiras. Ainda na sessão de hoje à tarde, o relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, vai votar sobre esse tópico.

São réus no item quatro os ex-executivos do Banco Rural José Roberto Salgado, Ayanna Tenório, Vinícius Samarane e Kátia Rabello. Segundo a Procuradoria Geral da República, a instituição teria dado "empréstimos fictícios para financiar o esquema ilícito de compra de votos" e teria "adotado artifícios fraudulentos para evitar que os fatos fossem descobertos". A assessoria de imprensa do Banco Rural divulgou ontem nota para afirmar que os empréstimos foram verdadeiros, registrados e fiscalizados pelo Banco Central. A instituição explica ainda que as garantias exigidas eram condizentes com a capacidade de pagamento das empresas de Marcos Valério à época.