Valor econômico, v.19, n.4552, 24/07/2018. Empresas, p. B5

 

Unip dá salto com ensino a distância

Beth Koike

24/07/2018

 

 

A Universidade Paulista (Unip) já disputa com a Estácio o posto de segundo maior grupo de ensino superior do país em número de alunos. Atualmente, a instituição criada pelo empresário João Carlos Di Genio tem 530 mil matriculados, um pouco menos que os 546 mil da Estácio. Essa posição foi conquistada graças à guinada da Unip no ensino a distância nos últimos três anos. De lá para cá, o número de estudantes em cursos on-line saltou de 100 mil para 230 mil. Nessa modalidade de aprendizado, a Unip já é a vice-lider, atrás apenas da Kroton que possui mais de meio milhão de alunos.

"Esse crescimento no ensino a distância ocorreu porque em 2015 iniciamos um trabalho de profissionalização da gestão, contratamos profissionais de mercado e estamos melhorando nossos processos administrativos e acadêmicos. Também investimos em novos cursos e melhoria dos polos", disse Fernando Di Genio Barbosa, sobrinho do fundador do grupo educacional e diretor da área de ensino a distância da Unip. João Carlos Di Genio tem três filhos com idade entre 10 e 12 anos.

No começo deste ano, o grupo educacional tornou-se uma instituição com fins lucrativos, mas Barbosa nega que essa mudança tenha sido feita com o intuito de vender a instituição como há anos especula o mercado. Ele afirma que seu tio, que tem 79 anos, ainda é muito ativo no dia a dia da organização.

Barbosa trabalha com Di Genio desde 1986, quando ainda tinha 17 anos e havia acabado de ingressar na graduação de economia da PUC-SP. Por cerca de duas décadas, cuidou exclusivamente dos negócios de comunicação do grupo, que é dono das rádios Mix e Trianon e das emissoras de televisão Mega TV e RBI. Di Genio adquiriu as emissoras de rádios e TV nos anos 80, porque pretendia usar esses veículos como transmissores de conteúdo didático, inspirado no Telecurso, programa de educação a distância exibido na TV Globo e em emissoras educativas, e nas rádios da Inglaterra que transmitiam aulas. No entanto, esse projeto mudou com a chegada da internet.

Em 2015, Di Gênio pediu para que o sobrinho assumisse e reformulasse a área de ensino a distância que, até então, crescia de forma desestruturada. Na época, a instituição já tinha 100 mil alunos, mas o crescimento vinha basicamente da força da marca Unip e não como consequência de um projeto claro de expansão.

Os primeiros cursos on-line começaram a ser ofertados em 2007, usando como polos para atividades presenciais os campi da universidade e os colégios Objetivo, com unidades no país todo. "Esse modelo vigorou por muito anos e ajudou a tornar a marca Unip conhecida nacionalmente", disse Luiz Trivelato, sócio da consultoria Educa Insights. No Estado de São Paulo, a Unip tem mais de 30 campi localizados em regiões estratégicas. Na capital paulista, por exemplo, tem unidades na avenida Paulista e próximas à estações do metrô. Segundo Trivelato, essa estrutura robusta, inclusive, dificultou a entrada de grandes grupos educacionais na cidade. Cerca de 50% dos alunos de ensino superior de São Paulo estudam na Unip, na Uninove e na FMU, que têm em comum grandes campi. A Unip também tem unidades em Brasília, Goiânia e Manaus.

O crescimento da Unip nos próximos anos deve continuar sendo puxado pelo ensino a distância (EAD), em especial pelos cursos híbridos - modalidade em que parte do conteúdo é ministrado em sala de aula e outra parte pela internet. Essa modalidade de graduação é considerada uma das principais tendências no ensino superior. "Nos próximos anos, vamos continuar crescendo no EAD. No presencial, estamos trabalhando no desenvolvimento de cursos das profissões do futuro", disse Barbosa.

O diretor não revela o faturamento do grupo, que tem ainda cerca de 500 mil alunos na educação básica, segmento formado pelos colégios, cursinho pré-vestibular e sistemas de ensino Objetivo. Segundo a consultoria Hoper Educação, o faturamento da Unip foi de cerca de R$ 2,5 bilhões em 2017.