O globo, n. 31289, 07/04/2019. País, p. 5

 

Mourão nega antagonismo e afirma que tem ‘lealdade total’ a Bolsonaro

Paola de Orte

07/04/2019

 

 

Nos EUA, vice admite que articulação com bancadas temáticas não deu certo

Respondendo a críticas de que estaria tentando ser um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro no governo, o vice-presidente Hamilton Mourão negou ontem que queira antagonizar com o mandatário.

— Jamais. Eu sou complementar ao presidente. Eu complemento ele — declarou Mourão, que cumpre agenda nos EUA. Mais tarde, em entrevista coletiva, o vice-presidente voltou ao assunto:

— Eu deixo muito claro para todo mundo: no meio onde eu vivi toda a minha vida, a disciplina intelectual e a lealdade para com o comandante são clausulas pétreas. Então a minha lealdade para com o presidente Bolsonaro é total e todos os meus movimentos são do conhecimento dele. Mourão comentou as tentativas de formação de base política no Congresso. Segundo ele, Bolsonaro percebeu que a articulação com bancadas temáticas não funcionou.

— Agora ele partiu para uma outra linha de ação, e isso faz parte do jogo político. É um processo de ensaio e erro realmente. Ou a gente se rende àquela coalizão que era feita antigamente, o presidente não quer fazer isso, ou tentamos novas formas e é dessa maneira, vamos tentar o diálogo com os diferentes partidos. Ontem pela manhã, Mourão se reuniu por quase uma hora como ex-ministro do presidente Lula e guru ideológico de Ciro Gomes, Roberto Mangabeira Unger.

O vice-presidente disse que a conversa foi sobre sua proposta de “economia do conhecimento”. Sobre as críticas por ter se reunido com pensadores da esquerda, Hamilton Mourão disse que isso não é um problema.

—Acrítica faz parte do jogo político, eu não me importo com crítica—afirmou. As declarações foram feitas na cidade de Cambridge, nos Estados Unidos, onde Mourão participa da Brazil Conference, evento organizado por estudantes brasileiros das universidades de Harvard e do MIT.

Toffoli faz defesa do STF

Também em Harvard, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffolli, disse que a Corte tem sido o fator de estabilidade democrática no país desde 2013, período em que, na avaliação dele, o Legislativo e o Executivo passaram por graves crises e questionamentos.

—Se chegamos até aqui e o povo pôde escolher seus representantes para deputado, senador, governador e presidente da República foi graças ao Supremo Tribunal Federal —afirmou Toffoli.