O globo, n. 31288, 06/04/2019. Economia, p. 22

 

Guedes vê lideranças comprometidas com reforma

Ana Paula Ribeiro

Marco Grillo

06/04/2019

 

 

Ministro afirma estar tranquilo com tramitação da proposta, mas reconhece que alteração no BPC deve ser retirada. Para Maia, desafio do governo é fazer a sociedade compreender a importância das mudanças nas aposentadorias

O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou uma plateia repleta de empresários para passar uma mensagem de tranquilidade e controle em relação à tramitação da reforma da Previdência, embora admita que alguns pontos do texto deverão ser eliminados na Câmara dos Deputados.

—Se as principais lideranças do país estão comprometidas com a reforma, por que eu vou ter medo? Estou absolutamente tranquilo e percebo que há uma dinâmica construtiva em Brasília —afirmou o ministro para um grupo de cerca de 700 pessoas, durante sua apresentação em um fórum empresarial, ontem, em Campos do Jordão (SP). Além de demonstrar segurança em relação à tramitação da reforma, Guedes aproveitou sua participação no evento empresarial para saudar o papel “extraordinário” que o presidente Jair Bolsonaro tem desempenhado na articulação para aprovação da medida:

— O presidente faz um sacrifício enorme para ir nessa direção (da reforma). Vejo um empenho extraordinário, dado o DNA dele. Guedes voltou a destacar que as mudanças nas regras previdenciárias se fazem necessárias, e isso independe de coloração ideológica. —O diagnóstico é inescapável. Não tem nada com esquerda ou direita. Tem que fazer a reforma da Previdência, e ela precisa ser potente.

É preciso se comunicar

O ministro reconheceu que as mudanças nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos de baixa renda e deficientes físicos, pode ser retirado do texto final:

—Minha avaliação hoje, politicamente, é que isso (BCP) tem enorme chance de cair. Dirigentes partidários que vão se reunir com o presidente Bolsonaro na semana que vem avaliam que não há chances de a reforma da Previdência ser aprovada na Câmara com as mudanças propostas pelo governo no BPC e na aposentadoria dos trabalhadores rurais. — Vou no ritmo de todo mundo (que já foi às reuniões), para ouvir, mas vou dizer a ele (Bolsonaro) que a Previdência não passa do jeito que está — disse o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP). O presidente do Avante, deputado Luís Tibé (MG), outro que terá encontro com Bolsonaro, também é taxativo na análise:

—É preciso retirar as menções ao BPC e às mudanças na aposentadoria dos trabalhadores rurais (para facilitar a aprovação da reforma). Presente ao fórum empresarial em São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ), reafirmou seu compromisso com a aprovação da reforma, mas ressaltou que o Planalto precisa fazer um trabalho de esclarecimento dos pontos polêmicos da proposta junto à sociedade.

— O grande desafio do governo, porque é ele que tem essa capacidade, é se comunicar. A gente precisa que a sociedade compreenda a importância dessas mudanças — disse, acrescentando que não é possível, ainda, falar em prazos para colocar o texto em votação. Maia e Davi Alcolumbre (DEM-AP), Presidente do Senado, que também participou do evento, cobraram ainda maior atuação dos governadores para que a reforma tenha maior apoio dentro do Congresso.

— Todos os governadores têm que apoiar a reforma. Estamos todos no mesmo barco — disse Alcolumbre.