O globo, n. 31287, 05/04/2019. País, p. 8

 

Plano de segurança de Moro iniciará em cinco cidades

Jailton de Carvalho

05/04/2019

 

 

Projeto piloto, que deve ser anunciado na próxima semana, combinará repressão policial a ações sociais no combate ao crime

A primeira fase do plano de segurança pública que o ministro da Justiça, Sergio Moro, deve anunciar na próxima semana prevê aumento da repressão policial e, ao mesmo tempo, direcionamento de programas sociais para as áreas mais vulneráveis. Os detalhes do projeto piloto de Moro, que será implantado inicialmente em cinco cidades, foram apresentados pelo ministro ao presidente Jair Bolsonaro, ontem, em reunião no Palácio do Planalto.

Uma das autoridades responsáveis pela execução das medidas disse ao GLOBO que a escolha dos municípios, com aproximadamente 500 mil habitantes e em diferentes regiões do país, teve objetivo de facilitar a análise de resultados. Na lista, ainda não divulgada, consta uma capital de médio porte. Antes de levar a proposta a Bolsonaro, Moro apresentou o plano aos ministros da Paulo Guedes (Economia), Osmar Terra (Cidadania) e Gustavo Canuto (Desenvolvimento Social).

A ampliação de programas sociais, que depende sempre de mais recursos, é considerada uma peça fundamental do pacote de segurança. A ideia é não repetir erros das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), no Rio de Janeiro. As UPPs fizeram sucesso no início, mas, na avaliação de integrantes do governo, entraram em decadência por falta de medidas sociais complementares e da corrupção policial.

Contratos previstos

Pela proposta, o Ministério da Justiça fará “contratos” com governadores e prefeitos das cidades a serem contempladas com o plano. Cada parte se comprometerá a realizar determinadas tarefas. Para a equipe de Moro, um dos erros dos planos passados era não deixar explícitos o papel de cada área na gestão dos programas.

—Não queremos protagonismo. Queremos que dê resultados — afirmou um dos auxiliares do ministro.

A ideia central do plano é intensificar a repressão policial nos bairros mais castigados pela violência. Uma das primeiras medidas deverá ser a identificação e o cumprimento de mandados de prisão em aberto. Com a retirada de criminosos já procurados pela polícia de circulação, o governo entende que dará um recado de restabelecimento da autoridade do Estado na região. Para ampliar essa imagem, estas áreas terão forte presença da Força Nacional.

As polícias Federal e Rodoviária Federal e a Receita Federal também vão participar do esforço concentrado. Fiscais da Receita terão como missão identificar pessoas com sinais exteriores de riqueza incompatíveis com a renda declarada, em uma tentativa de asfixiar financeiramente o crime organizado.

O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio Lima, disse que vê com bons olhos a iniciativa de Moro de lançar um plano nacional de segurança pública baseado na combinação de medidas repressivas com ações sociais. Lima foi um dos mais duros críticos ao pacote anticrime de Moro, argumentando que não teria efeito sobre crimes violentos. Já a nova proposta, em sua avaliação, pode dar bons resultados.

— Espero que dê certo —afirmou Lima.

O plano nacional de segurança deverá ser incluído no pacote de medidas que Bolsonaro divulgará como as principais realizações nos cem primeiros dias de governo. Um pacote de medidas voltadas especificamente para a segurança pública vinha se tornando uma sistemática cobrança contra sua administração.

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Novo no Twitter, ministro usa foto para comprovar perfil

05/04/2019

 

 

Moro estreia em rede social para divulgar ações do ministério, ganha mais de 260 mil seguidores e vira meme no primeiro dia

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, se rendeu ao Twitter —rede social bastante usada pelo presidente Jair Bolsonaro e por outros membros do governo. Ao lançar seu perfil oficial, na manhã de ontem, Moro explicou que o objetivo era divulgar as ações e propostas do ministério.

Entre suas primeiras publicações, uma foto do ministro com um calendário deste ano —tentativa, segundo Moro, de provar que era realmente ele —chamou atenção de internautas.

Em seu primeiro tuíte, Moro comentou a existência de perfis falsos, dizendo que não é este o caso da nova conta. Horas depois, o ministro publicou sua primeira foto na rede, segurando o calendário. Na publicação, Moro reconheceu ser um método “um pouco inusitado” de mostrar que era sua conta oficial. Alguns internautas até tentaram explicar ao ministro que o símbolo de verificação da rede já confere legitimidade ao perfil. Outros, porém, se divertiram fazendo memes a partir da publicação.

Em menos de uma hora, o tuíte já tinha mais de 20 mil curtidas e 4 mil comentários. A mesma rapidez foi vista no aumento de seguidores: no início da noite, o ministro já era seguido por mais de 260 mil perfis na rede social.

Saudado por Bretas

Ao criar o perfil, Moro foi saudado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo juiz federal Marcelo Bretas, que lhe deram as boas vindas. A hashtag #SejaBemVindoSergioMoro tornou-se uma das mais comentadas no país. Moro também logo passou a ser seguido pelos ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Educação, Ricardo Vélez.

O ministro da Justiça afirmou que usará o Twitter para detalhar à população o projeto de lei anticrime, já encaminhado ao Congresso. A proposta sofreu críticas e, na Câmara, só deve ser analisada após esforços do governo para votar a reforma da Previdência.

“Resolvi aderir ao twitter pois é um instrumento poderoso de comunicação. A ideia é divulgar os projetos e as propostas do Ministério da Justiça e Segurança Pública”, escreveu Moro.

O ministro tuitou sete vezes nas seis primeiras horas de sua conta oficial no Twitter. Mas se apressou em acalmar, no entanto, aqueles que esperam que vire um usuário assíduo da rede social.

“Nem sempre poderei estar por aqui, pois o trabalho é intenso”, explicou.