Correio braziliense, n. 20372, 01/03/2019. Brasil, p. 6
País é terceiro em casos de sarampo
Gabriela Tunes
Marina Torres
01/03/2019
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou, ontem, um alerta sobre a disparada no número de casos de sarampo no mundo. O crescimento dos surtos está sendo puxado principalmente por 10 países, que, juntos, somam mais de 74% do aumento de episódios da doença em 2018. O Brasil aparece em terceiro lugar nessa lista. O país teve 10.262 casos em 2018 — no ano anterior, não havia registrado nenhum. A Ucrânia está em primeiro, com 35.120, seguida das Filipinas, com 12.736.
De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente, apenas três estados registram episódios da doença no país: Amazonas, Pará e Roraima. A chefe da área de Saúde e Envolvimento Infantil do Unicef Brasil, Cristina Albuquerque, afirmou que o país é visto com maior atenção porque, em 2015, teve o último caso de manifestação do vírus e, em 2016, recebeu um certificado de eliminação da doença. “Passamos 2016 e 2017 sem nenhum registro. A partir de fevereiro de 2018 foi que começamos a apresentar a notificação do caso”, disse.
Segundo Cristina, o vírus deve ter entrado pela fronteira do Brasil e se espalhado para todos os estados. Se a cobertura vacinal estivesse boa, conforme ressaltou, o país não chegaria ao estado dramático em que se encontra. “Precisamos continuar perseguindo a cobertura de rotina que tem um calendário de vacinação para garantir a eliminação da doença”, explicou.
O Estatuto da Criança e do Adolescente diz que é obrigatório os pais levarem os filhos para serem vacinados contra doenças. “É uma legalidade, mas preferimos mostrar a importância por meio da informação”, destacou Cristina. Dessa forma, o Unicef busca informar as pessoas por meio de mensagens nos municípios e em mídias sociais. “Introduzimos o selo Unicef, que trabalha com mais de 900 municípios, um indicador da tríplice vacinal, e estamos mobilizando-os para que aumentem as coberturas vacinais e atinjam, no mínimo, 95% das crianças. Vacinar é um ato de proteção”, frisou.
No DF, a Secretaria de Saúde informou que o único caso de sarampo confirmado foi em outubro do ano passado. Um jovem, de 16 anos, tinha acabado de voltar de uma viagem a Manaus, foi tratado e está sem nenhuma sequela. Em 2019, foram recebidas três notificações, mas nenhum acabou confirmado.
O biólogo Francisco Otaviano Nery explicou que o contágio geralmente ocorre por secreções lançadas no ar. “Muco, gotículas de saliva são uma forma muito fácil de transmissão”, disse. Segundo ele, não há um medicamento específico contra o vírus, apenas o tratamento dos sintomas. Assim, o controle da doença se dá por meio da vacinação. “Pode ser a (vacina ) tríplice viral, que engloba sarampo, rubéola e caxumba, ou tetravalente que, além dessas três, inclui a catapora”, citou.
Os sintomas do sarampo aparecem entre 10 e 14 dias após a infecção e incluem febre, tosse, coriza, olhos inflamados, dor de garganta e irritação na pele com manchas vermelhas.
Vacinação
A imunização contra o sarampo é oferecida no calendário vacinal do DF, durante o ano todo, com doses disponíveis para a partir de 12 meses de vida até os 59 anos, conforme informado pela Secretaria de Saúde do DF. A doença pode matar crianças malnutridas e bebês que ainda são muito novos para serem vacinados.
Frase
“Temos vacinas seguras, eficientes e baratas contra essa doença tão contagiosa. Vacinas que têm salvado quase um milhão de vidas por ano nas duas últimas décadas”
Henrietta Fore, diretora executiva do Unicef