O globo, n. 31285, 03/04/2019. País, p. 6

 

Santos Cruz recebe demandas de senadores

Amanda Almeida

Marco Grillo

03/04/2019

 

 

Após Bolsonaro dizer que vai passar a se dedicar pessoalmente à articulação política, ministro vai ao Senado, é cobrado por melhor relação do governo com o Congresso e ouve pedidos de parlamentares no estados

Em meio ao esforço do governo para melhorar a articulação política, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, almoçou ontem com senadores do DEM, PR e PSC. E voltou para o Planalto com uma lista de demandas e um recado: para ser parceiro dos congressistas, o governo tem de dividir “ônus e bônus”.

A ida de Santos Cruz ao Senado precede o movimento pessoal de Bolsonaro na articulação com o Legislativo. O presidente, que chega hoje de Israel, se reunirá a partir de amanhã com presidentes de partidos como o MDB, PP e PSD.

Os senadores foram claros ao ministro sobre o que consideram “bônus”: atendimento de suas demandas no governo (verbas para suas bases, nomeações e outros assuntos regionais) e convites para cerimônias de entrega de obras e equipamentos.

— Foi cobrada uma maior aproximação. Tanto é que nós estamos fazendo convite (para o almoço) mostrando que o Parlamento quer ajudar, votar as matérias, mas também quer ser parceiro: no ônus e no bônus — disse o líder do bloco Vanguarda, Wellington Fagundes (PR-MT). O grupo é formado por nove senadores do DEM, PR e PSC.

Segundo Fagundes, os senadores disseram ao ministro que o governo precisa dar prioridade à reforma da Previdência, mas sem se esquecer de outras pautas.

— Ao mesmo tempo em que as reformas precisam acontecer, o governo precisa dar uma resposta rápida também à sociedade: geração de empregos; (dar andamento ao programa) Minha Casa, Minha Vida; e outras demandas regionais — disse o senador, relatando que o ministro se comprometeu a conversar com a equipe econômica sobre as demandas.

Santos Cruz ouviu ainda a reclamação de que o presidente não pode ficar preso a discussões ideológicas.

Lista com 20 itens

O senador Fagundes contou ainda que o ministro foi cobrado sobre uma definição dos papéis da Casa Civil e Secretaria de Governo, que se dividem na articulação política — o ministro Onyx Lorenzoni é o responsável pela primeira pasta.

— Precisa ficar mais claro o que é o papel da Casa Civil e o que é a Secretaria de Governo, para que a gente tenha mais objetividade, principalmente quando o parlamentar que representa a população precisar procurar o governo.

De acordo com Fagundes, o ministro disse que também se “angustia” com a falta de clareza sobre a atuação das duas pastas e que conversará com Jair Bolsonaro.

Aos senadores, Santos Cruz disse que levará uma lista de “uns 20 itens de interesse dos parlamentares” ao Planalto e que “este é o trabalho normal” do governo.

—Melhorando o ambiente político, melhora para tudo, não é só a Reforma da Previdência. A Previdência é um item extremamente importante, mas não é só isso. Este bom ambiente é fundamental para o andamento de tudo —afirmou o ministro.

A partir de amanhã, presidentes de partidos e líderes de legendas na Câmara e no Senado serão recebidos por Bolsonaro no Planalto. Estão na agenda representantes de siglas como DEM, MDB, PR e outros partidos do centrão, mais alinhados ideologicamente com o governo. Santos Cruz afirmou que, por ora, não estão previstos encontros com presidentes de partidos de oposição, como PDT e PSB.