Título: Serra em declínio
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 06/09/2012, Política, p. 8

A queda livre da candidatura de José Serra nas recentes pesquisas de intenção de voto, somado ao índice de rejeição de 42%, gerou uma nova reunião de emergência no comando da campanha tucana. Os articulistas da aliança já identificaram as três âncoras que amarram Serra: o candidato não conseguiu convencer o eleitorado de que realmente cumprirá até o fim o mandato na prefeitura; ao demorar para assumir a candidatura, Serra reforçou a percepção de que assumia um papel partidário, contrariado; o principal aliado do PSDB, o prefeito Gilberto Kassab (PSD), sofre com uma rejeição estrondosa à sua administração.

Serra e aliados tinham uma agenda ontem com empresários da região de Santo Amaro e, à noite, um encontro com mulheres eleitoras. Mas é obrigado, a todo momento, a garantir que, dessa vez, não abandonará a prefeitura, como fez em 2004 para concorrer ao governo de São Paulo. O tucano frisou isso no horário eleitoral de terça-feira, após afirmar, no início da campanha, que essa dúvida era uma bobagem. "O problema é que, até mesmo entre nossos filiados, essa dúvida existe. Vários militantes vieram me perguntar se Serra estava realmente dizendo a verdade", declarou ao Correio um integrante do comando de campanha tucana.

Serra também estaria sofrendo pela repetição dos erros cometidos em outras disputas eleitorais. A exemplo de eleições anteriores, ele demorou demais a assumir a candidatura. "O Serra só decidiu disputar a prefeitura quando Kassab ameaçou aliar-se ao PT. Nesse instante, ele percebeu que as chances de derrota em São Paulo seriam reais", disse um aliado histórico do ex-ministro da Saúde.

Esse mesmo interlocutor garantiu, contudo, que a opção por Serra ainda foi a melhor saída para o PSDB. "Se estivéssemos apostado em um nome desconhecido, escolhido nas prévias, nosso candidato estaria em 5º lugar", afirmou o tucano.

A equipe de marketing da campanha resolveu intensificar a mensagem de que Serra está realmente disposto a administrar a maior cidade do país. Para tentar aumentar os índices de voto, os tucanos tentarão mostrar que, mesmo quando foi eleito governador de São Paulo, ele concentrou suas ações na capital do Estado. "É uma forma de mostrar que ele renunciou à prefeitura mas jamais esqueceu da cidade de São Paulo", disse um dos integrantes do núcleo político do PSDB. "O pior é que ele está realmente disposto a governar São Paulo e isso não conseguimos mostrar", lamentou um aliado (PTL).