O globo, n. 31285, 03/04/2019. Economia, p. 22
Governo incluirá até 20 projetos em programa de privatização
Ana Paula Ribeiro
03/04/2019
Bradesco estima que país deve levantar R$ 221 bilhões com venda de ativos até o fim de 2020. Setores de óleo e gás, financeiro e de energia elétrica são destaques
O governo federal vai incluir até 20 projetos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), principal iniciativa para a concessão de projetos à iniciativa privada. Será a primeira modificação no portfólio no governo de Jair Bolsonaro. A carteira atual conta com 52 projetos em diferentes áreas de infraestrutura, como aeroportos e portos.
— Em abril, entre dez e 20 projetos devem ser qualificados para ir para a carteira do PPI. É uma forma de manter o crescimento dessa carteira, uma vez que os projetos anteriores estão sendo concluídos —disse José Carlos Medaglia, secretário do PPI, durante fórum de investimentos promovido pelo Bradesco BBI.
Da carteira atual, os 52 projetos podem render aos cofres públicos R$ 107,2 bilhões. Um dos mais avançados é o leilão de portos de áreas no Pará, na próxima sexta-feira. Também para este mês está prevista a divulgação dos editais de dois terminais em Santos (SP) e um em Paranaguá (PR). Estão nessa lista a Casa da Moeda e uma parceria público-privada (PPP) para o controle do tráfego aéreo nacional.
Medaglia defende que os números confirmam o interesse de investidores e operadores estrangeiros nos projetos. Das 141 concessões até o momento, 55 foram vencidas por companhias estrangeiras (sozinhas ou em parceria com empresas locais).
Levantamento do Bradesco mostra que há espaço para o governo federal vender R$ 221 bilhões em ativos até o fim do ano que vem. A maior parte deste montante, uma fatia de 75%, seria feita por meio de ofertas de ações (aberturas de capital ou novas ofertas de empresas já listadas na Bolsa), com destaque para os setores de óleo e gás, financeiro e energia elétrica. O banco prevê que até o fim do governo Bolsonaro o volume de privatizações alcance R$ 500 bilhões.
— Há uma complexidade maior na venda desses ativos por serem públicos, mas estamos otimistas. Acreditamos na aprovação da reforma da Previdência. Não trabalhamos com a perspectiva de não aprová-la — afirmou Marcelo Noronha, vice-presidente do Bradesco e responsável pelas áreas de grandes empresas e banco de investimento.
Segurança jurídica
O banco ressalta que a aprovação da reforma será um vetor importante para novas ofertas de ações.
—Se os fundos globais voltarem a alocar recursos no Brasil em linha com a média histórica, vamos ter um adicional de US$ 150 bilhões para a Bolsa — disse Bruno Boetger, diretor executivo.
Segundo Leonardo Vianna, presidente da CCR, ter projeto é importante para atrair investidores, mas uma das principais preocupações é com a segurança jurídica.
Para Marcos Almeida, executivo responsável pela área de infraestrutura da Brookfield no Brasil, o avanço na regulação é fundamental:
— O pessoal que trabalha nas agências precisa ter boa qualidade de capacidade de análise. É com as agências que as empresas vão interagir ao longo da concessão.