Título: Indústria estagnada
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 06/09/2012, Economia, p. 10
As medidas de estímulo adotadas pelo governo desde o início do ano ainda não surtiram o efeito desejado para as empresas industriais. A recuperação da atividade permanece apenas uma expectativa conforme os dados divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os números mostram um cenário ambíguo. "Ainda não é possível identificar uma tendência, mas nossa expectativa é que o cenário melhore nos próximos meses", afirmou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
O faturamento das empresas caiu 2,4% em julho na comparação com junho e subiu 5,5% em relação a julho de 2011. A utilização da capacidade instalada, dessazonalizada, passou de 80,7% em junho para 81,6% em julho. Há um ano, era maior: 82%. A massa salarial cresceu 3,4% sobre junho e 4,1% sobre o mesmo mês do ano passado. As horas trabalhadas tiveram, respectivamente, alta de 2,9% e queda de 1,5%. Já o emprego subiu apenas 0,2% na variação mensal e 0,4% na anual.
Desaceleração Na avaliação de Castelo Branco, um dos dados mais significativos foi o baixo crescimento no nível emprego — o indicador vem perdendo fôlego há três meses consecutivos. "Essa desaceleração reflete o cenário de estagnação da atividade da indústria desde o ano passado. Ela ainda não é tão preocupante no aspecto geral porque o mercado de trabalho, como um todo, segue bastante forte. As taxas de desemprego são, historicamente, as mais baixas. Mas, do ponto de vista industrial, é preocupante por ser um reflexo de baixa atividade que se manifesta desde 2011", afirmou.
» Papel com menores juros da história
O Tesouro Nacional anunciou ontem a emissão de um título de dez anos em que pagará o menor rendimento da história. O bônus da República denominado Global 2023, com vencimento em 5 de janeiro de 2023, foi emitido nos mercados da Europa e dos Estados Unidos com juros de 2,625% ao ano. A procura foi bem maior do que a oferta e ela poderá ser estendida ao mercado asiático em até US$ 125 milhões. "O governo brasileiro vem mudando o perfil da dívida pública e reduzindo os juros de suas emissões. Isso é muito positivo, pois aumenta a confiança do investidor estrangeiro", afirmou o economista Felipe Queiroz, da Austin Ratings. Ainda assim, lembrou Queiroz, os juros ainda são mais altos do que os pagos por Japão, Suíça e Estados Unidos, que não chegam a 1%. "Essa mudança ajuda a reduzir ainda mais o risco-país", completou. No último dia 24, a Austin elevou o rating dos títulos do Tesouro em moeda estrangeira de BBB- para BBB.