O globo, n. 31284, 02/04/2019. País, p. 7

 

Barroso: pacote anticrime de Moro é ‘prioritário’

Cleide Carvalho

02/04/2019

 

 

Em lançamento de livro sobre a Lava-Jato, ministro do STF elogia medidas levadas ao Congresso pelo titular da pasta da Justiça e ironiza busca por diferenciação entre caixa 2 de campanha e enriquecimento pessoal

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou ontem que a aprovação do pacote anticrime apresentado ao Congresso pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, é “importante e prioritária". Barroso defendeu ainda que o direito penal seja aplicado "sem mascarados e sem justiceiros", com base no princípio da igualdade.

As declarações do ministro do STF foram feitas no lançamento do livro “Corrupção: Lava-Jato e Operação Mãos Limpas”, que traça um panorama do combate à corrupção no Brasil e na Itália. O livro tem entre seus autores o próprio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba.

Na semana passada, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) recebeu Moro para um café da manhã e aceitou reduzir , de 90 para 45 dias, o tempo de duração de um grupo de trabalho formado por deputados para discutir o projeto.

Barroso, que escreveu o prefácio do livro, ironizou a busca por diferenciação entre caixa 2 de campanha e o dinheiro desviado para enriquecimento pessoal. Após pedidos da classe política, Moro concordou em separar a criminalização do caixa dois de seu pacote anticrime, que trata sobre corrupção.

— Não é para onde vai (o dinheiro) que importa, mas de onde vem, de uma cultura de achaque e desonestidade —disse Barroso.

Moro, que participou do evento ao lado de Barroso, defendeu o pacote anticrime e respondeu a críticas de que teriam faltado estudos para embasar o projeto.

— As medidas falam por si. São medidas óbvias e universalmente reconhecidas como eficazes no enfrentamento da criminalidade —afirmou.

Moro disse ainda que seu ministério tem fortalecido a Lava-Jato e sugeriu, entre ações futuras, estabelecer períodos de mandato para diretores da Polícia Federal.

— Não vai ser no meu turno como ministro que vou deixar os esforços anticorrupção serem perdidos — declarou Moro.