Valor econômico, v.19, n.4579, 30/08/2018. Brasil, p. A2

 

Desemprego teve queda tímida, apontam especialistas

Thais Carrança

30/08/2018

 

 

A taxa de desemprego teve uma queda bastante tímida na passagem de junho a julho, acreditam economistas, mantendo-se em patamar elevado, em meio à fraca atividade econômica. A média de 27 estimativas de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data aponta para uma taxa de desocupação de 12,3% no trimestre móvel encerrado em julho, ante 12,4% até junho. O intervalo de projeções vai de 11,9% a 12,5%.

Um ano antes, em julho de 2017, a taxa de desemprego estava em 12,8%. Já no trimestre móvel encerrado em abril, estava em 12,9%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua nesta quinta-feira.

O Banco MUFG Brasil é uma das instituições que calculam a taxa de desemprego em 12,3% em julho. Mauricio Nakahodo, economista do banco, lembra que o indicador de desemprego é uma média móvel trimestral e inclui, portanto, os meses de maio e junho, quando o mercado de trabalho ainda sofria os impactos da greve de caminhoneiros.

Além disso, o MUFG estima que, no segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou estável em relação ao três primeiros meses do ano, com ajuste, o que também influencia na fraca geração de empregos. A expectativa média do mercado é de avanço do PIB de 0,1% - o dado será divulgado pelo IBGE na sexta.

Segundo Nakahodo, nem mesmo a surpresa positiva no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em julho traz perspectivas melhores para a Pnad Contínua. No mês passado, foram geradas 47,3 mil vagas formais, acima das expectativas do mercado, de 27,7 mil postos.

"A geração de 47 mil vagas, embora acima do esperado, ainda é muito fraca para o tamanho da economia e, considerando os 13 milhões de pessoas procurando emprego, não deve ter uma contribuição significativa para o recuo da taxa", diz Nakahodo.

O Haitong estima taxa de desemprego em 12,2%. "Os números do crédito bancário devem ter continuado a sugerir uma expansão lenta, servindo de apoio para uma recuperação econômica gradual, o que deve levar a uma melhora lenta no mercado de trabalho", apotam os economistas Jankiel Santos e Flávio Serrano, em relatório.

Para o Itaú, a taxa de desemprego subiu 0,1 ponto percentual (p.p.) na passagem de junho a julho, chegando a 12,5%. Na série com ajuste sazonal pela instituição financeira, a taxa também teria subido 0,1 p.p., para 12,4%. Já o UBS acredita que a taxa de desocupação ficou estável em julho, em 12,4%, ou 12,3% na série com o ajuste sazonal do banco.

Para Nakahodo, do MUFG, o mercado de trabalho deve continuar melhorando gradualmente até o fim do ano, porém com pouco avanço do emprego formal. "A geração de vagas com carteira vai se intensificar conforme se tenha uma clareza melhor do ritmo de crescimento da economia, com trimestres seguidos de alta mais forte, que deem segurança ao empresário para contratar."