Título: Reforço presidencial na propaganda de aliados
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Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2012, Política, p. 4

Sem alarde, Dilma Rousseff faz gravações para Fernando Haddad, Patrus Ananias e Eduardo Paes. Inserções na tevê já começaram a ser veiculadas no horário eleitoral

Depois de projetar apenas para o segundo turno a participação nas eleições municipais deste ano e resistir à pressão dos partidos aliados, a presidente Dilma Rousseff estreou ontem como cabo eleitoral na tevê na propaganda do candidato petista à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. A campanha paulistana não foi a única a contar com a presidente já no primeiro turno. Ela também gravou inserções para Patrus Ananias (PT) em Belo Horizonte e deve subir no palanque do partido na capital mineira nos próximos dias. Outro que será beneficiado com a presença da presidente no horário eleitoral é o candidato à reeleição na prefeitura carioca, Eduardo Paes (PMDB).

As gravações que Dilma fez em Brasília ocorreram sem alarde, a fim de evitar pressões de outros aliados para que a presidente participasse da campanha municipal. Em Belo Horizonte, por exemplo, desde o início do horário eleitoral gratuito, o grande cabo eleitoral de Patrus vinha sendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou de comício na capital mineira há duas semanas. Agora, com o engajamento de Dilma, a campanha petista já confirmou a visita da presidente a Belo Horizonte, provavelmente na semana que vem.

Em uma das duas aparições no programa da capital mineira na noite de ontem, Dilma elogiou Patrus e ressaltou os laços com a cidade: "Como belo-horizontina, sentiria muita alegria de tê-lo como prefeito. Como presidenta, teria toda a tranquilidade de ter um parceiro ao meu lado, trabalhando por nosso povo e por nossa querida cidade". De acordo com as últimas pesquisas, o atual prefeito, Marcio Lacerda (PSB), tem vantagem entre 14 e 16 pontos sobre o petista. No entanto, Patrus vem crescendo a cada levantamento realizado. Agora, a expectativa dos coordenadores da campanha é de que ele comece a reduzir a vantagem do adversário.

A preocupação de Dilma ao driblar os palanques e o horário de propaganda nessa primeira fase da campanha era evitar sequelas com outros candidatos governistas. Só em São Paulo, por exemplo, pertencem à base os candidatos Celso Russomanno (PRB), em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos, e Gabriel Chalita (PMDB).

A pressão por conta das dificuldades enfrentadas por Haddad na corrida pela prefeitura paulista, contudo, venceu a hesitação de Dilma. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o principal articulador na estratégia para convencê-la a mudar de posição e vestir a camisa da campanha já no primeiro turno das eleições. "Haddad é a pessoa certa para comandar a grande transformação de que São Paulo precisa", disse a presidente no programa eleitoral de ontem. Além da aparição na tevê, Dilma ainda tem na agenda ao menos um evento de campanha em que deverá subir no palanque de Haddad e reforçar a imagem do petista como "seu" candidato.

A entrada de Dilma na campanha do PT na capital paulista acontece dias depois da estreia da senadora Marta Suplicy (PT-SP) ao lado do colega de partido. Marta, que chegou a afirmar publicamente que o PT havia errado ao escolher Haddad — e não ela — como candidato na corrida pelo Palácio do Anhangabaú, apareceu nas inserções de Haddad afirmando que o petista irá acelerar o ritmo do trabalho na construção de moradias em São Paulo.

Um dos problemas enfrentados pelo petista é o fato de ainda ser desconhecido de boa parte do eleitorado tradicionalmente ligado ao partido. Em sua primeira aparição em uma carreata ao lado de Haddad, na periferia da Zona Sul de São Paulo, Marta — convencida por Dilma a finalmente integrar a campanha — foi cumprimentada como candidata e recebeu promessas de votos, ofuscando Haddad.

Favoritismo No Rio de Janeiro, Dilma reforçará a propaganda eleitoral de Eduardo Paes, que, segundo as últimas pesquisas, tem mais de 50% das intenções de voto. Apesar da popularidade nacional, a presidente enfrentou protestos no início de julho, durante visita à cidade. Durante evento para a entrega de 460 imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, que seria uma festa no primeiro dia de campanha eleitoral, Dilma foi vaiada por cerca de 400 manifestantes. Ela foi interrompida várias vezes em seu discurso por estudantes que pediam mais investimento na Educação. Mesmo constrangida, continuou a discursar e teceu uma série de elogios à administração do prefeito peemedebista.